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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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79 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

agitadores ferviam o alcatrão — todos estão fadados a viver na História. De Leah<br />

pode dizer­se que realmente reconheceu a significação religiosa do movimento<br />

muito mais claramente do que as suas irmãs e que se opôs ao seu emprego com<br />

objetivos puramente materiais, por ser uma degradação do que era divino. A<br />

seguinte passagem é de grande interesse, pois mostra como a família Fox primeiro<br />

considerou essa manifestação, e deve impressionar o leitor pela sinceridade de sua<br />

autora: “O sentimento geral de nossa família... era visceralmente adverso a toda<br />

essa coisa estranha e grosseira. Nós a considerávamos como uma grande<br />

infelicidade caída sobre nós; como, quando e por que, não o sabemos... Resistimos,<br />

lutamos contra ela e constantemente e corajosamente oramos para nos livrarmos<br />

dela, ainda mesmo quando um estranho fascínio ligado a essas maravilhosas<br />

manifestações a elas nos forçavam, contra a nossa vontade, por forças e agentes<br />

invisíveis, aos quais nem podíamos resistir, nem controlar ou entender. Se a nossa<br />

vontade, o nosso ardente desejo e as preces pudessem ter prevalecido ou servido,<br />

tudo teria acabado então, e o mundo exterior à nossa pequena vizinhança jamais<br />

teria ouvido falar das batidas de Rochester ou da infeliz família Fox.”<br />

Estas palavras dão uma impressão de sinceridade e, por outro lado, em seu<br />

livro Leah aparece — com o testemunho de muitas pessoas citadas nominalmente,<br />

como digna do papel que desempenhou num grande movimento.<br />

Tanto Kate Fox­Jencken quanto Margaret Fox.Kane morreram no começo<br />

do decênio último do século e seu fim foi triste e obscuro. O problema que<br />

apresentam é exposto ao leitor, evitando­se a extrema sensibilidade espírita, que não<br />

enfrenta os fatos e as acusações dos cépticos, que carregam na narrativa daquelas<br />

partes que melhor servem aos seus propósitos, enquanto omitem ou reduzem tudo o<br />

mais. Vejamos, à custa de um desvio de nossa narrativa, se é possível achar uma<br />

espécie de explicação para o duplo fato de que aquilo que essas irmãs podiam fazer<br />

era absolutamente anormal e que o era, ao menos até certo ponto, dependente de seu<br />

controle. Não é um problema simples: ao contrário, é muitíssimo profundo e<br />

exaustivo e mais que exaustivo, pois o conhecimento psíquico de que então se<br />

dispunha estava muito acima do nível em que viviam as irmãs Fox.<br />

A simples explicação então apresentada pelos espíritas não deve ser logo<br />

posta de lado — ao menos por aqueles que conhecem algo mais. Era que um<br />

médium que emprega mal os seus dons e sofre uma degradação do caráter através de<br />

hábitos ruins, torna­se acessível a influências maléficas, que podem utilizar a sua<br />

mediunidade para informações falsas ou para o descrédito da causa. Isto bem pode<br />

ser certo como a causa. Mas devemos ir mais adiante, em busca do como e do<br />

porquê.<br />

O autor é de opinião que a verdadeira explicação será encontrada pela<br />

reunião de todos esses acontecimentos com as recentes investigações do Doutor<br />

Crawford sobre os meios pelos quais se produzem os fenômenos físicos.<br />

Mostrou ele muito claramente e em detalhes no capítulo seguinte, que as<br />

batidas — e no momento só tratamos dessa fase — são causadas pela projeção, da<br />

pessoa do médium, de um longo fio de uma substância possuidora de propriedades<br />

que a distinguem de qualquer outra forma de matéria. Tal substância foi<br />

cuidadosamente examinada pelo eminente fisiologista francês Doutor Charles<br />

Richet, que a chamou de ectoplasma. Esses fios são invisíveis aos nossos olhos,

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