A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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113 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
o assunto da comunicação, a despeito dos protestos do partido que chamaríamos<br />
partido da incredulidade supersticiosa. Dizemos incredulidade supersticiosa porque<br />
é realmente pura superstição, e nada mais para admitir que estejamos tão bem<br />
informados sobre as leis da Natureza que, mesmo os fatos cuidadosamente<br />
examinados e atestados por um observador experimentado devam ser postos de lado<br />
como absolutamente indignos de crédito, simplesmente porque, à primeira vista, se<br />
chocam com aquilo que já é mais conhecido.”<br />
Os pontos de vista de Sir William Barrett foram progredindo firmemente<br />
até que aceitou a posição de espírita em termos inequívocos, antes de sua lamentada<br />
morte em 1925. Viveu até o mundo melhorar o seu antagonismo contra tais<br />
assuntos, embora pequena fosse a diferença observada na Associação Britânica, que<br />
pareceu obscurantista como sempre. Essa tendência, entretanto, não deve ter sido um<br />
mal porque, como assinala Sir Oliver Lodge, se os prementes problemas materiais se<br />
tivessem complicado com as soluções psíquicas, é possível que não tivessem sido<br />
resolvidos. Deve ser digno de registro que Sir William Barrett, em conversa com o<br />
autor, tenha lembrado que os quatro homens que o apoiaram naquele difícil<br />
momento histórico, viveram bastante para receberem a Ordem do Mérito — a maior<br />
distinção que o seu país podia conceder. Os quatro foram Lord Rayleigh, Crookes,<br />
Wallace e Higgins.<br />
Não era de esperar que o rápido crescimento do Espiritismo fosse isento de<br />
aspectos menos desejáveis. Estes foram, pelo menos, dois. Primeiro, o grito de<br />
mediunidade fraudulenta, ouvido com frequência. À luz de nossos últimos e mais<br />
completos conhecimentos sabemos que muito daquilo que reveste as aparências de<br />
fraude absolutamente não o é. Ao mesmo tempo, a ilimitada credulidade de uma<br />
parte dos Espiritistas indubitavelmente ofereceu um campo fácil aos charlatães.<br />
Numa conferência lida na Sociedade da Universidade de Cambridge para<br />
Investigações Psicológicas, em 1879, disse o seu presidente Mr. J. A. Campbell. 36 :<br />
“Desde o aparecimento de Mr. Jlome, o número de médiuns aumenta dia<br />
a dia, como aumenta a loucura e a impostura. Aos olhos dos tolos cada farsante se<br />
converteu numa figura angélica; e não só cada farçante, mas cada trapaceiro,<br />
metido numa mortalha, é chamado ou quer se chamar um ‘Espírito materializado’.<br />
Uma suposta religião foi assim estabelecida e nela a honra dos mais sagrados<br />
nomes foi transferida para Espíritos de batedores de carteiras. Não farei aos<br />
leitores o insulto de falar do caráter dessas divindades, nem das doutrinas que as<br />
mesmas ensinam. Assim é sempre quando a loucura e a ignorância tomam em suas<br />
mãos a arma da realidade eterna para abusos, distorsões e até crimes. É o mesmo<br />
que crianças a brincarem com ferramentas aliadas; e quem, senão um ignorante,<br />
iria gritar: faca malvada! Pouco a pouco o movimento se vai libertando dessas<br />
excrescências; gradativamente se vai tornando mais moderado, mais puro e mais<br />
forte; e como homens sensíveis e educados, estudam, oram e trabalham,<br />
empenhandose em fazer bom uso de seus conhecimentos, nesse sentido o<br />
movimento crescerá.”<br />
O segundo aspecto foi o aparente crescimento daquilo que pode denominarse<br />
Espiritismo anticristão, embora não antireligioso. Isto levou William Howitt e<br />
36 The Spiritualist, abril 2º, 1879, página 170.