A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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160 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
deveria ter feito uma investigação mais completa, antes de sustentar tais coisas. A<br />
coisa era tanto mais penosa quanto Dale Owen contava setenta e três anos de idade e<br />
tinha sido um dos mais eloqüentes e corajosos discípulos da nova dispensação.<br />
A primeira tarefa de Olcott foi examinar cuidadosamente as declarações já<br />
feitas e destruir o anonimato de sua autora. Logo descobriu, como foi dito, que era<br />
Elisa White e que, conquanto em Filadélfia, recusouse a recebêlo. Por outro lado<br />
os Holmes agiram muito abertamente e se ofereceram para criar todas as facilidades<br />
de examinar os seus fenômenos em quaisquer condições que lhes aprouvesse. Uma<br />
investigação sobre o passado de Elisa White mostrou que seu depoimento, no que<br />
diz respeito à sua pessoa, era uma teia de mentiras. Ela era muito mais velha do que<br />
dissera — não tinha menos de trinta e cinco anos — e não é certo de que um dia se<br />
tivesse casado com White. Durante anos tinha sido vocalista numa companhia<br />
ambulante. White ainda era vivo, de modo que não havia a questão da viuvez. Olcott<br />
publicou um atestado do Chefe de Polícia a tal respeito.<br />
Entre outros documentos fornecidos pelo Coronel Olcott estava um de Mr.<br />
Allen, Juiz de Paz de New Jersey, dado sob juramento. Elisa White, conforme essa<br />
testemunha, era “tão indigna de crédito que aqueles a quem falava nunca sabiam se<br />
deviam acreditar, e sua reputação moral era tão ruim quanto possivel.” Contudo o<br />
Juiz Allen pôde dar um depoimento mais diretamente referido ao assunto em<br />
discussão. Declarou que havia visitado os Holmes em Filadélfia e tinha visto o<br />
Doutor Child preparar a cabine, que era sôlidamente construída e que não havia<br />
possibilidade de qualquer entrada pelos fundos, como dissera Mrs. White. Além<br />
disso, que estivera na sessão em que aparecera Katie King e que os trabalhos haviam<br />
sido interrompidos pelo canto de Mrs. White num outro quarto, de modo que era<br />
impossível que Mrs. White pudesse, como dizia, ter feito o papel de um Espírito.<br />
Sendo este um depoimento jurado de um Juiz de Paz, parece uma peça de peso como<br />
prova.<br />
Parece que a cabine foi feita em junho, pois o General Lipáginasitt,<br />
excelente testemunha, descreveu um dispositivo bem diferente quando assistiu às<br />
experiências. Diz ele que duas portas se dobravam em harmônica, de modo que se<br />
tocavam; a cabine era apenas o recanto formado por elas e um quadro por cima.<br />
“Nas primeiras duas ou três sessões fiz um exame minucioso, e uma vez com um<br />
mágico profissional, que ficou perfeitamente satisfeito por não haver possibilidade<br />
de truques”. Isto foi em maio, de modo que as duas descrições não são<br />
contraditórias — salvo quanto à declaração de Elisa White de que podia deslizar<br />
para dentro da cabine.<br />
Além dessas razões para precauções ao formar opinião, os Holmes foram<br />
capazes de exibir cartas que lhes foram escritas por Mrs. White, em agosto de 1874,<br />
onde se vê a incompatibilidade para a existência entre eles de qualquer segredo<br />
criminoso. Por outro lado, uma dessas cartas disse que haviam sido feitos esforços<br />
para que ela forjasse uma confissão de que tinha sido Katie King. Mais tarde no<br />
mesmo ano, parece que Mrs. White assumiu um tom mais ameaçador, conforme um<br />
depoimento escrito e formal dos Holmes, quando ela declarou que, a menos que lhe<br />
pagassem uma pensão determinada, havia um bom número de cavalheiros ricos,<br />
inclusive membros da Associação Cristã de Moços, que estavam prontos para lhe<br />
pagar uma larga soma e que ela não mais incomodaria os Holmes.