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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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202 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

aparentemente cedia aos desejos alheios; mas apesar de tudo não se estragou muito<br />

e continuou em perfeita saúde até o fim. Quando se lhe perguntava ‘Como vai a<br />

saúde?’ sua resposta favorita era ‘Excelente. Estou apenas vendendo saúde’. A<br />

mesma natureza dúplice mostrou em seu trabalho. Por vezes era capaz de sentar­se<br />

a uma mesa o dia inteiro e entrar pela noite, sob um tremendo esforço mental. E o<br />

fazia dia após dia, noite após noite. Então vinham dias e semanas em que não fazia<br />

absolutamente nada — jogando centenas de dólares e agastando as pessoas sem<br />

razão aparente, a não ser que se encontrasse em disposição folgazã.”<br />

Madame d’Esperance, cujo verdadeiro nome era Mrs. Hope, nasceu em<br />

1849 e sua carreira se estendeu por mais de trinta anos, numa atividade que alcançou<br />

o continente e a Grã­Bretanha. Apareceu em público graças a T. P. Barkas, cidadão<br />

muito conhecido em New Castle. A médium era então uma mocinha de educação da<br />

classe média. Entretanto, quando em semitranse, demonstrava em grau notável<br />

aquele dom de sabedoria e conhecimento que São Paulo coloca no topo de sua<br />

categoria espiritual. Barkas descreve como preparava extensas listas de perguntas<br />

que cobriam quase todos os setores da ciência e como as respostas eram escritas<br />

ràpidamente pela médium, geralmente em inglês, mas por vezes em alemão ou<br />

mesmo em latim. Resumindo essas sessões, diz Mr. Barkas 97 : “Deve ser geralmente<br />

admitido que ninguém pode, por um esforço normal, responder com detalhes a<br />

perguntas críticas ou obscuras, em muitos setores difíceis da ciência com que se não<br />

é familiarizado. Além disso deve admitir­se que ninguém pode ver normalmente e<br />

desenhar com minuciosa precisão em completa obscuridade; que ninguém pode, por<br />

meios normais da visão ler o conteúdo de uma carta fechada no escuro; que<br />

ninguém que ignore a língua alemã possa escrever com rapidez e exatidão longas<br />

comunicações em alemão. Entretanto todos esses fenômenos foram verificados com<br />

esse médium e são tão acreditados quanto as ocorrências normais da vida diária”.<br />

Deve admitir­se, entretanto, que enquanto não conhecermos os limites a<br />

que pode chegar a força produzida pela libertação parcial ou total do corpo etérico,<br />

não podemos com segurança atribuir tais manifestações à intervenção dos Espíritos.<br />

Eles mostraram uma notável individualidade psíquica muito pessoal e,<br />

possivelmente, nada mais que isso.<br />

Mas a fama de Madame d’Esperance como médium depende de muitos<br />

dons que eram, sem dúvida, mais espirituais. Temos um relato muito completo<br />

desses dons, pela sua própria pena, pois ela escreveu um livro intitulado “Shadow<br />

Land” 98 , que se pode alinhar com o “Magic Staji” 99 de A. J. Davis, e com “The<br />

Beginnings of Seership” 100 , de Turvey, assim como entre as mais notáveis<br />

autobiografias psíquicas de nossa literatura. Não é possível lê­lo sem se ficar<br />

impressionado pelos bons sentimentos e pela honestidade da escritora.<br />

Como outros sensitivos o fizeram, ela narra como em sua infância brincava<br />

com Espíritos de crianças, que lhe eram tão reais quanto as vivas. Essa força de<br />

clarividência permaneceu em toda a sua vida, mas o dom mais raro da<br />

materialização lhe foi adicionado. O citado livro contém fotografias de Yolanda,<br />

97 Psychological Review, Volume 1º, página 224.<br />

98 “Região das Sombras” — N. do T.<br />

99 “Comando Mágico” — N. do T.<br />

100 “Os princípios da Vidência” — N. do T.

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