17.11.2018 Views

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

44 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

3<br />

O Profeta da Nova Revelação<br />

Andrew Jackson Davis foi um dos homens mais notáveis de que temos uma<br />

informação exata. Nascido em 1826 nas margens do Hudson, sua mãe era<br />

uma criatura deseducada, com tendências visionárias aliadas à superstição<br />

vulgar; seu pai era um borracho, trabalhador em couros. Escreveu detalhes de sua<br />

própria infância num livro curioso: “A Vara Mágica” que nos revela a vida primitiva<br />

e dura das províncias americanas na primeira metade do século passado. O povo era<br />

rude e deseducado, mas o seu lado espiritual era muito vivo: parecia estar sempre<br />

pronto para alcançar algo de novo.<br />

Foi nesses distritos rurais de Nova Iorque que, no espaço de poucos anos, se<br />

desenvolveram o Mormonismo e o Espiritismo.<br />

Jamais houve um rapaz com menos disposições favoráveis do que Davis.<br />

Era fraco de corpo e pobre de mente. Fora dos livros da escola primária apenas se<br />

lembrava de um livro que sempre lia até os dezesseis anos de idade. Entretanto<br />

naquela criatura mirrada dormiam tais forças espirituais que antes dos vinte anos<br />

tinha escrito um dos livros mais profundos e originais de filosofia jamais<br />

produzidos. Poderia haver mais clara prova de que nada tinha vindo dele mesmo e<br />

de que não passava de um conduto, através do qual fluía o conhecimento daquele<br />

vasto reservatório que dispõe de tão incompreensíveis dispositivos?<br />

O valor de uma Joana d’Arc, a santidade de uma Teresa, a sabedoria de um<br />

Jackson Davis, os poderes supranormais de um Daniel Home, tudo vem da mesma<br />

fonte.<br />

Nos seus últimos anos da infância começaram a se desenvolver os poderes<br />

psíquicos de Davis. Como Joana d’Arc, ouvia vozes no campo — vozes gentis que<br />

lhe davam bons conselhos e conforto. A clarividência seguiu essa clariaudiência. Por<br />

ocasião da morte de sua mãe, teve uma notável visão de uma casa muito amável,<br />

numa região brilhante, que imaginou ser o lugar para onde sua mãe tinha ido.<br />

Entretanto sua completa capacidade foi despertada por uma circunstância: veio a sua<br />

aldeia um saltimbanco que exibia as maravilhas do mesmerismo; fez uma<br />

experiência com Davis, e também com muitos outros jovens rústicos, que quiseram<br />

provar aquela sensação. Logo foi constatado que Davis possuía notável poder de<br />

clarividência.<br />

Estes não foram desenvolvidos pelo peripatético mesmerista, mas por um<br />

alfaiate local, um certo Livingstone, que parece ter sido um pensador avançado. Ele<br />

ficou tão intrigado com os dons do seu sensitivo que abandonou o seu próspero<br />

negócio e devotou todo o seu tempo ao trabalho com Davis, empregando a sua<br />

clarividência no diagnóstico de doenças.<br />

Davis havia desenvolvido essa força, comum entre os psiquistas, de ver sem<br />

os olhos, inclusive aquelas coisas que não podiam ser vistas pela visão humana. A

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!