A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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289 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
clarividência lhes poderia marcar a exata posição. Os leitores de “The Gate of<br />
Remembrance” compreenderão todo o valor desse notável episódio.<br />
Os fenômenos da Voz Direta diferem da mera clarividência e da fala em<br />
transe, por isso que os sons não parecem vir do médium, mas de fora, às vezes de<br />
uma distância de alguns metros e continuar quando a boca está cheia de água e,<br />
outras vezes, se fazendo ouvir em duas ou três vozes simultâneas. Nessas ocasiões<br />
uma trombeta de alumínio é empregada para aumentar a voz; e também, como<br />
supõem alguns, para formar uma pequena câmara escura, na qual as cordas vocais<br />
então usadas pelo Espírito, se podem materializar. É um fato interessante e que<br />
trouxe muita confusão aos que têm pouca experiência, porque em geral os primeiros<br />
sons se assemelham à voz do médium. Isto logo desaparece e a voz ou se torna<br />
neutra ou muito parecida com a do morto. É possível que a razão desse fenômeno<br />
seja que o ectoplasma com o qual os fenômenos são produzidos seja tirado do<br />
médium e, assim, leve algumas peculiaridades dele ou dela, até que o tempo e as<br />
forças exteriores tenham o predomínio. Seria bom que o céptico fosse paciente e<br />
esperasse o desenvolvimento, pois eu conheci um investigador ignorante e<br />
opiniático que jurava que havia fraude apenas porque notava a semelhança das vozes<br />
e então estragava toda a sessão com grosserias malucas, quando, se tivesse esperado,<br />
teria esclarecido as suas dúvidas.<br />
O autor fez experiências com Mrs. Wriedt ouvindo a Voz Direta,<br />
acompanhada de batidas na corneta, em plena luz, estando a médium sentada a<br />
poucos metros de distância. Isto por causa da ideia de que no escuro pode o médium<br />
mudar de posição. Não é raro ter duas ou três vozes de Espíritos falando ou cantando<br />
ao mesmo tempo, o que, por sua vez, é fatal para a teoria da ventriloquia. Também a<br />
corneta, que por vezes é pintada com tinta fosforescente, pode ser vista suspensa ao<br />
longe, fora do alcance das mãos do médium. Uma vez, em casa de Mr. Dennis<br />
Bradley, o autor viu a corneta iluminada girando e batendo no teto, como um vagalume.<br />
Depois pediram ao médium, Valiantine, que subisse na cadeira e verificaram<br />
que com o braço estendido e segurando a corneta não era possível tocar no teto. Isto<br />
foi testemunhado por um grupo de oito pessoas.<br />
Mrs. Wriedt nasceu em Detroit, há uns cinquenta anos e e talvez mais<br />
conhecida na Inglaterra do que qualquer médium americano. A autenticidade de seus<br />
poderes pode ser melhor julgada por uma pequena descrição dos resultados. Uma<br />
vez, numa visita à casa de campo do autor, ela se sentou com este, sua esposa e seu<br />
secretário numa sala bem iluminada.<br />
Foi cantado um hino e antes de terminada a primeira estrofe juntouse uma<br />
quinta voz de excelente qualidade e continuou até o fim. Os três observadores<br />
estavam prontos para dizer que a própria Mrs. Wriedt estivesse cantando todo o<br />
tempo. Na sessão da noite vieram muitos amigos, com todas as possíveis provas de<br />
identidade. Um assistente sentiu a aproximação de seu pai, recentemente falecido,<br />
que começou pela tosse sêca e forte, que aparecera em sua última doença. Discutiu a<br />
questão de um legado, de maneira perfeitamente racional. Um amigo do autor, aliás<br />
um irascível angloindiano, manifestouse, tanto quanto é possível manifestarse<br />
pela voz, reproduzindo exatamente a sua maneira de falar, dando o seu nome, e<br />
aludindo a fatos de sua vida material. Outro assistente recebeu a visita de alguém