A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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63 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
completamente o movimento durante uma geração e o interromperam por algumas<br />
semanas. Ao cabo de pouco tempo as comunicações foram restabelecidas e os<br />
crentes, castigados durante aquele intervalo, entregaramse de corpo e alma nas<br />
mãos das forças externas, prometendo tudo fazer em benefício da causa. Não era<br />
coisa fácil. Uma parte do clero, notadamente o Ministro Metodista Reverendo A. 2º.<br />
Jervis, pôs. se ao seu lado; mas na sua maioria trovejaram do púlpito contra aqueles<br />
e a massa prontamente os apoiou na tarefa covarde de atacar os heréticos. A 14 de<br />
novembro de 1849 os espíritas realizaram a sua primeira reunião no Corinthian Hall,<br />
o maior auditórium disponível em Rochester. A assistência — registrêmolo para<br />
sua honra — ouviu com atenção a exposição feita por Mr. Capron, de Auburn, o<br />
orador principal. Foi então escolhida uma comissão de cinco cidadãos<br />
representativos para examinar o assunto e fazer um relatório na noite seguinte, em<br />
nova reunião da assembléia. Tão certos estavam de que esse relatório seria<br />
desfavorável que o Rochester Democrat, ao que se verificou, já tinha preparado o<br />
seu artigo de fundo, com o título: “Exposição Completa da Mistificação das<br />
Batidas”. Entretanto o resultado obrigou o editor a sustálo. A comissão relatou que<br />
as batidas eram indubitàvelmente verdadeiras, embora a informação não fosse<br />
inteiramente exata, isto é, embora as respostas às perguntas “nem fossem todas<br />
certas, nem todas erradas”. Acrescentava que as batidas se produziam nas paredes,<br />
nas portas, a alguma distância das meninas, produzindo uma sensível vibração.<br />
“Não puderam encontrar nenhum processo pelo qual elas pudessem ser<br />
produzidas”. Esse relatório foi recebido pela assistência com sinais de desagrado,<br />
em consequência do que se formou uma segunda comissão, entre os descontentes.<br />
As investigações foram feitas no escritório de um advogado. Por qualquer motivo<br />
Kate estava ausente e só contaram com Mrs. Fish e Margaret. Nem por isso os<br />
ruídos deixaram de se manifestar como antes, muito embora o Doutor Langworthy<br />
tivesse estado presente para controlar a possibilidade de ventriloquia. O relatório<br />
final foi que os sons tinham sido ouvidos e uma investigação completa tinha<br />
mostrado que nem eram produzidos por máquina, nem pela ventriloquia, embora<br />
não tivessem podido determinar qual o agente que os teria produzido.<br />
Novamente a assistência devolveu o relatório à comissão, escolheu uma<br />
nova, entre os mais extremamente oponentes, um dos quais jurou que se não<br />
descobrisse qualquer truque ia atirarse nas cataratas do Genesee. Sua inspeção foi<br />
minuciosa e brutal, e uma comissão de senhoras foi anexada à dos homens. Elas<br />
despiram as meninas, submetendoas a investigações aflitivas e de modo brutal.<br />
Seus vestidos foram amarrados apertados nos corpos, e elas colocadas sobre vidros e<br />
outros isolantes. A comissão se viu obrigada a referir que, “quando elas se acham de<br />
pé sobre almofadas, com um lenço amarrado á borda de seus vestidos, amarradas<br />
pelas cadeiras. todos nós ouvimos as batidas distintas nas paredes e no soalho”. Por<br />
fim a comissão declarou que as suas perguntas, das quais algumas mentais, tinham<br />
sido respondidas corretamente.<br />
Enquanto o público olhava o movimento como uma espécie de jogo, estava<br />
preparado para ser tolerantemente divertido. Quando, porém, esses relatórios<br />
sucessivos levaram a coisa para um ponto de vista mais sério, uma onda de<br />
indignação varreu a cidade, chegando a tal ponto que Mr. Wiletts, um valoroso<br />
quaker, na quarta assembléia pública, foi obrigado a declarar que “a corja de