A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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120 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
convidados a examinar os fenômenos que Home lhes poderia exibir. Entre outros,<br />
Lord Brougham veio à sessão e trouxe um cientista seu amigo, Sir David Brewster.<br />
Em plena luz do dia investigaram os fenômenos e na sua satisfação pelo que se<br />
havia passado, ao que se conta, teria dito Brewster: “Isto derrota a filosofia de<br />
cinquenta anos”. Se ele tivesse dito “mil e quinhentos” terseia aproximado da<br />
marca. Ele descreve o que aconteceu numa carta à sua irmã, só muito mais tarde<br />
publicada 39 . Estavam presentes Lord Brougham, Sir David Brewster, Mr. Cox e o<br />
médium: “Nós quatro”, disse Brewster, “sentamonos a uma mesa de tamanho<br />
regular, e cuja estrutura nos tinham convidado a examinar. Em pouco tempo a mesa<br />
fez esforços e um tremor percorreu os nossos braços; esses movimentos cessavam e<br />
recomeçavam ao nosso comando. As mais incontáveis batidas se produziram em<br />
várias partes da mesa e esta se ergueu do chão quando não havia mãos sobre ela.<br />
Outra mesa maior foi utilizada e produziu os mesmos movimentos. Uma pequena<br />
sineta foi posta no chão, sobre o tapête, de boca para baixo; depois de algum tempo<br />
ela soou sem que ninguém a tivesse tocado.” Acrescenta ele que a sinêta veio para<br />
ele e se colocou em suas mãos; depois fez o mesmo com Lord Brougham. E conclui:<br />
“Estas foram as principais experiências. Não poderíamos explicálas nem imaginar<br />
por que espécie de mecanismo poderiam ter sido produzidas.”<br />
Declara o Conde de Dunraven que foi levado a investigar os fenômenos<br />
pelo que Brewster lhe havia contado. Descreve o encontro com este último, que<br />
dizia serem as manifestações inexplicáveis pela fraude, ou por quaisquer leis de<br />
física de nosso conhecimento. Home remeteu uma descrição dessa sessão a um<br />
amigo na América, onde a mesma foi publicada e comentada. Quando os<br />
comentários foram reproduzidos na imprensa inglesa, Brewster ficou muito<br />
alarmado. Uma coisa é sustentar certas ideias na intimidade e outra enfrentar a<br />
inevitável perda de prestígio, que ocorreria nos meios científicos em que se achava.<br />
Sir David não era daquele estofo de que são feitos os mártires e os pioneiros.<br />
Escreveu ao Morning Advertiser, declarando que, embora tivesse visto vários efeitos<br />
mecânicos que não poderia explicar, ainda era de opinião que os mesmos poderiam<br />
ser produzidos por pés e mãos humanos. Aliás jamais lhe ocorrera que a carta escrita<br />
à sua irmã, a que acima nos referimos, um dia fosse publicada.<br />
Quando toda a correspondência foi publicada, o Spectator observou, em<br />
relação a Sir David Brewster: “Parece estabelecido pela mais clara prova que ele<br />
sentiu e descreveu, logo depois de suas sessões com Mr. Home, uma maravilha e<br />
quase terror, que depois desejou explicar. O herói da ciência não se absolve como a<br />
gente desejaria, ou como era de esperar.”<br />
Abordamos ligeiramente o incidente com Brewster porque é típico da<br />
atitude científica de então e porque o seu efeito era despertar um maior interesse em<br />
Home e seus fenômenos, e acordar novos investigadores. Pode alguém lembrar que<br />
os homens de ciência se dividem em três classes: os que absolutamente não<br />
examinaram o assunto — o que não os impede de pronunciar opiniões muito<br />
violentas; os que sabem que a coisa é verdadeira, mas temem confessálo; e,<br />
finalmente, a brilhante minoria dos Lodges, dos Crookes, dos Barretts e dos<br />
Lombrosos, que sabem que é verdade e não temem proclamálo.<br />
39 “Home Life of Sir David Brewster”, por Mrs. Gordon, sua filha.