A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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57 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
que fora morto com um golpe de faca de açougueiro na garganta; que o corpo tinha<br />
sido levado para a adega; que só na noite seguinte é que havia sido enterrado; tinha<br />
passado pela despensa, descido a escada, e enterrado a dez pés abaixo do solo.<br />
Também foi constatado que o móvel fora o dinheiro. ‘Qual a quantia: cem<br />
dólares?’ Nenhuma resposta. ‘Duzentos? Trezentos?’ etc. Quando mencionou<br />
quinhentos dólares as batidas confirmaram.<br />
“Foram chamados muitos dos vizinhos que estavam pescando no ribeirão.<br />
Estes ouviram as mesmas perguntas e respostas. Alguns permaneceram em casa<br />
naquela noite. Eu e as meninas saímos. Meu marido ficou toda a noite com Mr.<br />
Redfield. No sábado seguinte a casa ficou superlotada. Durante o dia não se<br />
ouviram os sons; mas ao anoitecer recomeçaram. Diziam que mais de trezentas<br />
pessoas achavamse presentes. No domingo pela manhã os ruídos foram ouvidos o<br />
dia inteiro por todos quantos se achavam em casa.<br />
“Na noite de sábado, 1º de abril, começaram a cavar na adega; cavaram<br />
até dar nágua; então pararam. Os sons não foram ouvidos nem na tarde nem na noite<br />
de domingo. Stephen B. Smith e sua esposa, minha filha Marie, bem como meu<br />
filho David S. Fox e sua esposa dormiram no quarto aquela noite.<br />
“Nada mais ouvi desde então até ontem. Antes de meiodia, ontem, várias<br />
perguntas foram respondidas da maneira usual. Hoje ouvi os sons várias vezes.<br />
“Não acredito em casas assombradas nem em aparições sobrenaturais.<br />
Lamento que tenha havido tanta curiosidade neste caso. Isto nos causou muitos<br />
aborrecimentos. Foi uma infelicidade morarmos aqui neste momento. Mas estou<br />
ansiosa para que a verdade seja conhecida e uma verificação correta seja procedida.<br />
Ouvi as batidas novamente esta manhã, terçafeira, 4 de abril. As meninas também<br />
ouviram.<br />
“Garanto que o depoimento acima me foi lido e que é a verdade; e que, se<br />
fosse necessário, prestaria juramento de que é verdadeiro.”<br />
Margaret Fox<br />
11 de abril de 1848<br />
Depoimento de John D. Fox:<br />
“Ouvi o depoimento acima, de minha esposa, Margaret Fox, lio e por isso<br />
certifico que o mesmo é verdadeiro em todos os seus detalhes. Ouvi as mesmas<br />
batidas das quais ela falou, em resposta a perguntas, conforme disse. Houve muitas<br />
outras perguntas, além daquelas, todas respondidas do mesmo modo. Algumas<br />
foram repetidas muitas vezes, e a resposta foi sempre a mesma. Assim, jamais<br />
houve qualquer contradição.<br />
“Não sei de nenhuma causa a que atribuir aqueles ruídos caso tenham sido<br />
produzidos por meios naturais. Procuramos em cada canto da casa, e por diversas<br />
vezes, para verificar, se possível, se alguma coisa ou alguém aí estivesse escondido<br />
e pudesse fazer aquele ruído; não nos foi possível achar coisa alguma que pudesse<br />
explicar o mistério. Isto causou muito aborrecimento e ansiedade.<br />
“Centenas de pessoas visitaram a casa, de modo que nos era impossível<br />
atender às nossas ocupações diárias. Espero que, quer causados por meios naturais,<br />
quer sobrenaturais, em breve seja esclarecida a matéria. A escavação na adega será<br />
continuada, assim que as águas secarem; então serão constatados os vestígios de um<br />
cadáver aí enterrado. Então, se os houver, não terei dúvida de que a origem é<br />
sobrenatural.”<br />
John D. Fox<br />
11 de abril de 1848