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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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174 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

exemplos podemos aplicar o julgamento do Professor Zõllner, no incidente<br />

Lankester: “Os fenômenos físicos por nós observados em tão admirável variedade<br />

em sua presença negam em toda a linha a suposição de que ele, num caso único,<br />

tenha recorrido à voluntária impostura”. E acrescenta — o que certamente ocorreu<br />

naquela circunstância especial — que Slade foi vítima dos limitados conhecimentos<br />

de seu acusador e de seu juiz.<br />

Ao mesmo tempo, há muitos indícios de que no fim da vida o caráter de<br />

Slade degenerou.<br />

Sessões promíscuas, com finalidade comercial, esgotamentos conseqüentes<br />

e o estimulo alcoólico, que produz um estimulo passageiro, tudo aquilo agindo sobre<br />

uma organização muito sensível, teve um efeito deletério. Esse enfraquecimento do<br />

caráter, com a correspondente perda da saúde, deve ter conduzido a uma diminuição<br />

de suas forças psíquicas e aumentado a tentação para usar os truques. Concordando<br />

com a dificuldade de distinguir o que é fraude daquilo que é de pura origem<br />

psíquica, uma impressão desagradável fica em nossa mente pela prova dada pela<br />

Comissão Seybert e pelo fato de espíritas locais haverem condenado o seu<br />

procedimento. A fragilidade humana, entretanto, é uma coisa e a força psíquica,<br />

outra. Os que buscam provas desta última encontrá­las­ão abundantes naqueles anos<br />

em que o homem e os seus dons estavam no zênite.<br />

Slade morreu em 1905 num sanatório em Michigan, para onde havia sido<br />

mandado pelos Espíritas Americanos, e a notícia foi acompanhada pela costumeira<br />

espécie de comentários na imprensa londrina. O Star, que tem uma triste tradição em<br />

matéria de psiquismo, publicou um artigo sensacional, sob o título de “Spook<br />

Swindles” 78 fazendo um relato mutilado da perseguição de Lankester em Bow<br />

Street. Referindo­se a isso 79 diz Light:<br />

“Aliás tudo isso é um amontoado de ignorância, de malevolência e de<br />

preconceitos. Não nos interessa discutir ou contraditar. Seria inútil fazê­lo por amor<br />

aos malévolos, aos ignorantes e aos preconcebidos; e é desnecessário aos que o<br />

sabem. Basta dizer que o Star só um exemplo mais acrescenta sobre a dificuldade de<br />

captar todos os fatos perante o público. Mas os jornais prevenidos têm, eles<br />

próprios, de censurar­se por sua ignorância e por sua impressão. É, novamente, a<br />

história dos Irmãos Davenport e de Mashelyne”.<br />

Se é difícil avaliar a carreira de Slade, sendo­se forçado a admitir que<br />

houve uma esmagadora preponderância de resultados psíquicos, também houve um<br />

resíduo que deixou uma desagradável impressão que o médium suplementava a<br />

verdade com a fraude, o mesmo deve ser admitido em relação ao médium Monck,<br />

que representou um considerável papel na era dos setenta. De todos os médiuns<br />

nenhum é mais difícil de julgar, porque, de um lado muitos de seus resultados estão<br />

acima de qualquer discussão, enquanto alguns outros parecem absolutamente<br />

desonestos. Em seu caso, como no de Slade, houve causas físicas que puderam<br />

responder por uma degeneração das forças morais e psíquicas.<br />

Monck era um clérigo não conformista, discípulo favorito do famoso<br />

Spurgeon. De acordo com o seu próprio relato, desde a infância tinha sido sujeito a<br />

78 “Fraudes de Espírito” — N. do T.<br />

79 1886, página 433.

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