A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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268 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
experiência de muitos anos, se havia convencido da autenticidade de seus<br />
fenômenos e em 1906 foi a Ohio examinar a sua mediunidade.<br />
O volumoso relatório de Hyslop descreve legítimas comunicações que<br />
ocorreram. Ele faz essa rara confissão de ignorância do processo do ectoplasma na<br />
produção dos fenômenos das vozes:<br />
“A altura dos sons, nalguns casos, exclui a suposição de que as vozes<br />
sejam conduzidas das cordas vocais à trombeta. Ouvi sons a seis metros de<br />
distância e os poderia ter ouvido a doze ou quinze metros — e os lábios de Mrs.<br />
Blake não se moviam. Resta estabelecer uma hipótese possível para explicar este<br />
aspecto dos fenômenos. Mesmo que chamemos a isto ‘Espíritos’, a explicação não<br />
satisfaz ao homem comum de ciência. Ele quer saber do processo mecânico que o<br />
envolve, assim como nós explicamos o falar comum. Talvez sejam os Espíritos a<br />
causa primeira no caso, mas há degraus no processo que vão desde a iniciativa até<br />
o último resultado. É isto que cria a perplexidade muito mais que a suposição de<br />
que, de certo modo, estejam Espíritos por detrás de tudo isto... e o homem de<br />
ciência não pode ver como os Espíritos podem instituir um fato mecânico sem o<br />
emprego de aparelhos mecânicos.”<br />
Também ninguém o pode. Mas neste caso a explicação tem sido dada uma<br />
ou outra vez pelo Outro Lado. O desejo do Professor Hyslop de conhecer o elo que<br />
existe entre os sons e sua fonte seria menos surpreendente se não fosse um fato que<br />
os próprios Espíritos reiteradamente responderam à pergunta que ele faz. Através de<br />
muitos médiuns deram eles explicações mais ou menos idênticas.<br />
O Doutor L. V. Guthrie, superintendente do Asilo de West Virginia, em<br />
Huntingdon, conselheiro médico de Mrs. Blake, estava convicto de seus dons.<br />
Escreve ele: “Fiz sessões com ela em meu próprio escritório e no alpendre, ao ar<br />
livre e, numa ocasião, dentro de uma carruagem numa esarada. Constantemente se<br />
me oferecia para fazer sessões e usar uma manga de candeeiro em vez de uma<br />
pequena corneta e muitas vezes a vi produzir vozes tendo a mão numa das<br />
extremidades da trombeta.”<br />
O Doutor Guthrie relata os dois casos seguintes com Mrs. Blake, nos quais<br />
a informação dada era desconhecida dos assistentes e não podia ter sido também da<br />
médium. “Uma de minhas empregadas, uma senhora moça, cujo irmão tinha<br />
entrado para o exército e seguido para as Filipinas, estava ansiosa para receber<br />
notícias suas e lhe havia escrito cartas sobre cartas, dirigidas aos cuidados da<br />
companhia nas Filipinas. Mas não obtinha resposta. Ela visitou Mrs. Blake e soube<br />
pelo ‘Espírito’ de sua mãe, morta há vários anos, que deveria mandar uma carta ao<br />
irmão para C... a fim de obter resposta. Assim fez: recebeu resposta em dois ou três<br />
dias, pois que ele havia regressado das Filipinas, sem que ninguém da família o<br />
soubesse.”<br />
O caso seguinte é ainda mais interessante: “Uma parenta minha, de<br />
importante família nesta região do Estado, cujo avô tinha sido encontrado morto ao<br />
pé de uma grande ponte, com o crânio esmagado, visitou Mrs. Blake há poucos<br />
anos e não estava pensando no avô na ocasião. Ficou muito surpreendida porque o<br />
Espírito do avô lhe disse que não havia caído da ponte quando embriagado, como<br />
ao tempo haviam pensado. Tinha sido assassinado por dois homens que o haviam<br />
encontrado num carrinho e tinham conseguido pegálo, despojálo de seus valores e<br />
atirálo de cima da ponte. O Espírito descreveu minuciosamente os dois homens que