A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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80 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />
parcialmente visíveis à placa fotográfica e ainda conduzem energia de tal maneira<br />
que produzem sons e dão batidas à distância.<br />
Agora, se Margaret produzia as batidas da mesma maneira que o médium<br />
de Crawford, temos apenas que formular uma ou duas hipóteses prováveis em si<br />
mesmas e, cabendo à ciência do futuro proválo em definitivo, deixar a coisa<br />
inteiramente às claras. Uma hipótese é que o centro da força psíquica é formado<br />
nalguma parte do corpo de onde sai o fio de ectoplasma. Supondo que o centro seja<br />
o pé de Margaret, isto lançaria uma intensa luz no testemunho coligido no inquérito<br />
de Seybert. Examinando Margaret e se esforçando por obter batidas por ela, alguém<br />
da comissão e com o consentimento dela, pôs a mão sobre o seu pé. Imediatamente<br />
as batidas se seguiram. O investigador exclamou: “Isto é a coisa mais maravilhosa<br />
que há, Mrs. Kane. Eu os percebo distintamente em seu pé. Não há o menor<br />
movimento do pé, mas há uma pulsação invulgar”.<br />
Esta experiência de modo algum admite a ideia de um deslocamento da<br />
junta ou de estalos dos dedos. É exatamente o que se poderia imaginar no caso de<br />
um centro do qual fosse projetada uma força psíquica. Essa força é de forma<br />
material e é tirada do corpo do médium, de modo que deve haver algum nexo. Este<br />
nexo pode variar. No caso citado estava no pé de Margaret. Foi observado pelos<br />
doutores de Buffalo que havia um movimento sutil do médium no momento da<br />
batida. A observação era correta embora errada a interferência. O próprio autor viu<br />
distintamente, no caso de um médium amador, uma ligeira pulsação geral no<br />
momento em que era dada a batida — uma espécie de contração, após a descarga da<br />
força.<br />
Admitindo que a força de Margaret trabalhasse dessa maneira, temos<br />
apenas que discutir se os bastões ectoplásmicos em qualquer circunstância podem<br />
projetarse à vontade. Até onde o autor pode saber, não há observações que<br />
sustentem diretamente esse ponto. Parece que o médium de Crawford sempre caía<br />
em transe, de modo que a questão não foi levantada. Em outros fenômenos físicos há<br />
uma certa razão para pensar que em sua forma mais simples estejam intimamente<br />
ligados ao médium, mas à medida que se desenvolvem escapam ao seu controle e<br />
são influenciados por forças estranhas a ele. Assim, as figuras ectoplásmicas<br />
fotografadas por Madame Bisson e pelo Doutor Schrenck Notzing, aparecidas em<br />
seu recente livro, em suas primeiras formas podem ser atribuidas aos pensamentos<br />
do médium ou a lembranças que tomam forma visível no ectoplasma; como porém<br />
estas se perdem no transe, tomam forma de figuras que, em casos extremos, são<br />
dotadas de vida independente.<br />
Se houver uma analogia geral entre as duas classes de fenômenos, então é<br />
muito possível que Margaret tivesse algum controle sobre a expulsão de ectoplasma<br />
que produzia o som; mas se o som produzia mensagens que estavam acima de seu<br />
conhecimento, como no caso exemplificado por Funk, a força já não era empregada<br />
por ela, mas por alguma inteligência independente.<br />
Deve lembrarse que ninguém ignora mais como os seus efeitos são<br />
produzidos do que o médium, que é o seu centro. Um dos maiores médiuns de<br />
efeitos físicos do mundo disse uma vez ao autor que jamais havia testemunhado um<br />
fenômeno físico, pois sempre se achava em transe quando estes ocorriam: a opinião<br />
de qualquer dos assistentes era assim mais valiosa do que a sua. Assim, no caso