A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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295 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
Assim, o autor foi forçado a reconsiderar o seu ponto de vista e a acreditar<br />
que tinha subestimado a honestidade do médium e a inteligência do assistente.<br />
Mr. Bailey, de Melbourne, parece ser um notável médium de transporte, e o<br />
autor não acredita na sua suposta mistificação em Grenoble. O próprio relato de<br />
Bailey é que foi vítima de uma conspiração religiosa e, à vista da longa série de<br />
sucessos, é mais provável isto do que ele tenha, de maneira misteriosa, escondido<br />
um pássaro vivo na sala da sessão, na qual ele sabia que iria ser despido e<br />
examinado. A explicação dos pesquisadores psíquicos de que o pássaro estava<br />
escondido em seu intestino éum supremo exemplo dos absurdos que a incredulidade<br />
pode produzir. Uma vez o autor fez uma experiência de transporte com Bailey e que<br />
é impossível de explicar de outra maneira. Ela foi assim descrita:<br />
“Então colocamos Bailey a um canto da sala, baixamos as luzes sem as<br />
apagar, e esperamos. Quase no mesmo instante ele respirou profundamente, como<br />
se em transe e logo disse algo numa língua estranha, para mim incompreensível.<br />
Um de nossos amigos, Mr. Cochrane reconheceua como indiana e logo respondeu;<br />
algumas sentenças foram dialogadas. Então a voz disse em inglês que era um guia<br />
hindu, acostumado a fazer transportes com o médium e que esperava poder trazer<br />
um para nós. ‘Eilo aqui’, disse momentos depois, e a mão do médium se estendeu<br />
com alguma coisa. As luzes foram aumentadas e verificamos que era um perfeito<br />
ninho de pássaro, lindamente construído de fibras muito finas, misturadas com<br />
musgo. Tinha cerca de duas polegadas de altura e nada indicava que tivesse havido<br />
truque. Tinha cerca de três polegadas de largura. Nele estava um pequeno ovo<br />
branco, com pequenas pintas castanhas, O médium, ou antes o guia hindu, agindo<br />
através do médium, colocou o ovo na palma de sua mão e o quebrou, derramando a<br />
clara. Não havia traços de gema. ‘Não nos é permitido interferir com a vida’, disse<br />
ele. ‘Se o ovo tivesse sido fertilizado não poderíamos têlo trazido.’ Estas palavras<br />
foram ditas antes de o quebrar, de modo que ele sabia em que condições estava o<br />
ovo, o que certamente é notável.<br />
— ‘De onde o trouxe?’ perguntei eu.<br />
— ‘Da Índia.’<br />
— ‘Que pássaro é este?’<br />
— ‘É chamado lá pardal da floresta.’<br />
“Fiquei com o ninho e passei uma manhã com Mr. Chubb, do museu<br />
local, para verificar se realmente o ninho era de tal pássaro. Parecia muito<br />
pequeno para um Pardal Indiano, entretanto não podíamos classificar nem o ninho<br />
nem o ovo entre os tipos australianos. Outros ninhos e ovos transportados por Mr.<br />
Boiley têm sido identificados. Certamente é um bom argumento que, enquanto tais<br />
pássaros tenham que ser importados e comprados aqui, na verdade é um insulto à<br />
razão admitir que ninhos e ovos frescos também sejam encontrados no mercado.<br />
Assim, apenas posso garantir a extensa experiência e os elaborados ensaios do<br />
Doutor Mc Carthy de Sydney e afirmar que acredito que na ocasião Mr. Bailey foi<br />
um verdadeiro médium, com o notável dom de transporte. É justo declarar que<br />
quando voltei a Londres levei um dos tijolos assírios de Bailey ao Museu Britânico<br />
e que aí declararam que era falso. Inquérito posterior mostrou que tais falsificações<br />
são feitas por judeus num subúrbio de Bagdad — e, até onde se sabe, somente ali.<br />
Assim, a coisa não está muito mais adiantada. Para o trabalho de transporte, pelo<br />
menos, é possível que a peça falsificada, impregnada de recente magnetismo<br />
humano, é mais fácil de ser manejada do que o original, tirado de um monumento.<br />
Bailey produziu pelo menos uma centena desses objetos e nenhum funcionário da<br />
Alfândega informou como eles poderiam ter entrado no país. Por outro lado, Bailey