A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
253 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
além da sua e, finalmente, viu que era um homem que apoiava o braço sobre o seu<br />
ombro e exclamou, entusiasmado: “Meu Deus! é possível?” Mumler teve mais<br />
convites para sessões do que lhe era possível atender e os compromissos eram<br />
marcados com semanas de antecedência. Vinham de todas as classes: ministros,<br />
doutores, advogados, juizes, prefeitos, professôres e homens de negócio eram<br />
contados entre as pessoas interessadas. Um relatório extenso dos vários resultados<br />
positivos obtidos por Mumler se encontra na imprensa da época 151 .<br />
Em 1863 Mumler, como tantos outros médiuns para fotografia espírita<br />
desde a sua época, encontrou nas suas chapas “extras” de pessoas vivas. Seus<br />
maiores defensores foram incapazes de aceitar esse novo e estranho fenômeno e,<br />
conquanto mantivessem a crença em seus dons, ficaram convencidos de que ele<br />
recorria aos truques. Numa carta ao Banner of Light, de Boston, de 20 de fevereiro<br />
de 1863, referindose a esse novo desenvolvimento, escreve o Doutor Gardner:<br />
“Conquanto eu esteja inteiramente convencido de que, através de sua<br />
mediunidade, foram tomados retratos de Espíritos, pelo menos em dois casos me<br />
foram dadas provas de fraude, o que é perfeitamente conclusivo... Mr. Mumler, ou<br />
alguém em contato na sala de Mrs. Stuart, é responsável pela trapaça contra as<br />
autênticas fotografias de Espíritos, substituídas pelas de pessoas vivas desta<br />
cidade.”<br />
O que tornou o caso ainda mais convincente para os acusadores foi o fato<br />
de o mesmo “extra” de uma pessoa viva aparecer em duas chapas. Esta falcatrua<br />
ultrapassou as medidas da opinião pública contra ele e em 1868 Mumler partiu para<br />
Nova Iorque. Aí o seu negócio prosperou durante algum tempo, até que foi preso por<br />
ordem do prefeito de Nova Iorque, a pedido do repórter de um jornal, que havia<br />
recebido uma fotografia com um “extra” irreconhecível. Depois de um processo<br />
moroso foi absolvido, sem mancha no seu caráter.<br />
As provas dos fotógrafos profissionais, que não eram espíritas, eram<br />
fortemente favoráveis a Mumler.<br />
Assim testemunhou Mr. Jeremiah Gurney: “Sou fotógrafo há vinte e oito<br />
anos; testemunhei os processos de Mumler; e, con quanto tivesse ido preparado<br />
para examinar a coisa, nada achei que cheirasse a fraude ou truque... A única coisa<br />
fora da nossa rotina foi o fato do operador manter a mão sobre a máquina.”<br />
Mumler, que morreu pobre em 1884, deixou uma narrativa interessante e<br />
convincente de sua carreira, em seu livro “Personal Experiences of William H.<br />
Muinler in Spirit Photography” 152 de que existe um exemplar no Museu Britânico.<br />
Hudson, que obteve a primeira fotografia espírita na Inglaterra e da qual<br />
temos prova objetiva, teria então sessenta e cinco anos de idade (em março de 1372).<br />
A experiência era conduzida por Miss Georgiana Houghton, que descreveu<br />
minuciosamente o incidente 153 .<br />
Há um testemunho abundante do trabalho de Hudson. Mr. Thomas Slater,<br />
já citado, levou sua própria máquina e chapas e, depois de minuciosa observação,<br />
relatou que “trapaça ou truque estavam fora de cogitação”. Mr. William Howitt,<br />
151 “The Spiritual Magazine”, 1862, página 562; 1863, páginas 34 a 41.<br />
152 “Experiências Pessoais de William H. Mumler com Fotografia de Espíritos”. Boston, 1875 — N do T.<br />
153 “Chronicles of the Photographs of Spiritual Beings”, etc. 1882, página 2.