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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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300 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

23<br />

O Espiritismo e a Guerra<br />

Muita gente jamais tinha ouvido falar de Espiritismo antes do período que<br />

se iniciou em 1914, quando de súbito o Anjo da Morte penetrou em<br />

muitos lares. Os adversários do Espiritismo acharam mais conveniente<br />

considerar o cataclismo mundial como a causa principal do crescente interesse na<br />

pesquisa psíquica. Esses oponentes inescrupulosos também disseram que a defesa do<br />

assunto, feita pelo autor, bem como por seu ilustre amigo, Sir Oliver Lodge, era<br />

devida ao fato de cada um ter perdido um filho na guerra, daí deduzindo que o pesar<br />

lhes havia reduzido a capacidade de crítica e os levado a pensar em coisas que não<br />

aceitariam em períodos normais. O autor já refutou muitas vezes essa grosseira<br />

mentira e mostrou o fato de suas investigações datarem de 1886. Por sua vez, assim<br />

se exprime Sir Oliver Lodge 208 :<br />

“Não se deve pensar que meu ponto de vista tenha mudado<br />

aprecíávelmente desde esse acontecimento e com as experiências particulares<br />

relatadas nas páginas que se seguem; minha conclusão foi sendo formada<br />

gradativamente, durante anos, posto que, sem dúvida, baseada em experiências da<br />

mesma espécie. Mas o acontecimento fortaleceu e liberou o meu testemunho. Agora<br />

posso ligar­me com minha experiência pessoal, e não com a alheia experiência.<br />

Enquanto a gente depende de provas relacionadas, ainda que indiretamente, com a<br />

desolação da morte dos outros, tem que ser reticente e cauteloso e, nalguns casos,<br />

silenciar. Somente por permissão especial certos fatos poderiam ser mencionados;<br />

e essa permissão, nalguns casos importantes, não poderia ser obtida. Então as<br />

minhas deduções foram as mesmas de agora. Mas agora os fatos me pertencem.”<br />

Se é verdade que, antes da guerra, os Espíritos se contavam por milhões,<br />

não há dúvida que o assunto não era compreendido pelo mundo em geral, nem<br />

mesmo reconhecido como um fato. A guerra mudou tudo isto. As mortes ocorreram<br />

em quase todas as famílias, assim despertando um súbito interesse concentrado na<br />

vida após a morte. A gente não só perguntava: “Se um homem morrer viverá de<br />

novo?” Procurava, ansiosa, saber se era possível a comunicação com os entes<br />

queridos que haviam perdido. Procurava­se “o toque da mão destruida e o som da<br />

voz que emudecera”. Não só milhares de pessoas investigaram diretamente, mas,<br />

como no início do movimento, a primeira tentativa era feita pelos que haviam<br />

partido. A Imprensa era incapaz de resistir à pressão da opinião pública e muita<br />

publicidade foi feita de casos de soldados que voltavam e, em geral, da vida após a<br />

morte.<br />

Neste capítulo apenas uma ligeira referência será feita às diferentes<br />

maneiras por que o mundo espiritual se manifestou nas várias fases da guerra. O<br />

208 “Raymond”, página 374.

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