A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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167 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
ergueuse cerca de um metro e vinte, quando ninguém a tocava e, quando Slade<br />
tinha uma mão no espaldar da cadeira de Mr. Blackburn, a cadeira elevouse cerca<br />
de meio metro acima do solo.<br />
Assim descreve Mr. Stainton Moses uma das primeiras sessões com Slade:<br />
“Um sol de meiodia, bastante quente para torrar a gente, derramavase na sala; a<br />
mesa estava descoberta; o médium estava sentado e visto inteiramente; nenhum ser<br />
humano se achava presente, além de mim e ele. Que melhores condições poderia<br />
haver? As batidas foram instantâneas e fortes, como se dadas por um homem forte.<br />
A escrita na lousa ocorreu conforme a sugestão feita, sobre uma lousa sustentada<br />
por mim e pelo Doutor Slade; sobre outra sustentada por mim e que eu mesmo<br />
trouxera; e sobre uma terceira sustentada apenas por mim, no canto da mesa mais<br />
distanciado do médium. A última escrita demorou algum tempo e o ruído<br />
característico do lápis ao formar as palavras era ouvido distintamente. Uma<br />
cadeira em minha frente foi levantada cerca de meio metro do solo; a lousa foi<br />
arrancada de minha mão e levada para o outro lado da mesa, onde nem eu nem o<br />
Doutor Slade poderíamos alcançála; o acordeon, tocava em redor de mim,<br />
enquanto o doutor o segurava pela parte inferior e, finalmente, tendo ele tocado no<br />
encôsto de minha cadeira, fomos levitados com cadeira e tudo, algumas<br />
polegadas”.<br />
O próprio Mr. Stainton Moses era um médium poderoso e sem dúvida esse<br />
fato auxíliou as condições. Acrescenta ele: “Tenho visto todos esses fenômenos e<br />
muitos outros várias vezes antes desta, mas nunca tão rapidamente, tão<br />
consecutivamente em plena luz do dia. Toda a sessão não durou mais que meia hora<br />
e, do começo ao fim, não houve interrupção dos fenômenos.” 69 Tudo foi bem<br />
durante seis semanas, e Londres estava cheia de curiosidade pelos dons de Slade,<br />
quando se deu, infelizmente, uma interrupção.<br />
No começo de setembro de 1876 o Professor Ray Lankester, com o Doutor<br />
Donkin, tiveram duas sessões com Slade e, na segunda, tomando uma lousa,<br />
encontraramna escrita, quando se pensava que nada tivesse sido produzido. Ele era<br />
absolutamente inexperiente em pesquisas psíquicas, do contrário saberia que é<br />
impossível dizer o momento exato em que se dá a escrita nessas sessões.<br />
Ocasionalmente uma folha inteira parecia precipitada num instante, enquanto de<br />
outras vezes o autor ouvia claramente o ruido do lápis, linha por linha. Para Ray<br />
Lankester, entretanto, pareceu um caso típico de fraude e ele escreveu uma carta ao<br />
The Times 70 denunciando Slade e o perseguiu por tomar dinheiro de modo<br />
fraudulento. Foram publicadas cartas em resposta a Lankester pelo Doutor Alfred<br />
Russel Wallace, pelo Professor Barrett e outros, O Doutor Wallace chamou a<br />
atenção para o fato de que o relato do Doutor Lankester daquilo que acontecera era<br />
extremamente diferente do que lhe ocorreu durante a sua visita ao médium, bem<br />
como o registro das experiências de Serjeant Cox, do Doutor Carter Blake e muitos<br />
outros, de modo que o podia considerar como um notável exemplo da teoria do<br />
Doutor Carpenter, sobre as ideias preconcebidas. Diz ele: “O Professor Lankester<br />
foi com a firme convicção de que tudo o que ia assistir era impostura e, assim,<br />
69 The Spiritualist, Volume 9º, página 2.<br />
70 16 de setembro de 1876.