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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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35 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

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Edward Irving: os «shakers»<br />

Ahistória de Edward Irving e sua experiência, entre 1830 e 1833, com as<br />

manifestações espíritas, são de grande interesse para o estudante de<br />

psiquismo e ajuda a vingar o abismo entre Swedenborg, de um lado e<br />

Andrew Jackson Davis, do outro.<br />

Os fatos são os seguintes:<br />

Edward Irving pertence àquela mais pobre classe de trabalhadores braçais<br />

escoceses, que produziu tantos homens de valor. Da mesma origem e da mesma<br />

época de Thomas Carlyle, Irving nasceu em Annan, em 1792. Depois de uma<br />

juventude dura e aplicada ao estudo, desenvolveu­se como um homem muito<br />

singular. Físicamente era um gigante e um Hércules em força; seu físico esplêndido<br />

só era estragado pela horrível saliência de um olho, defeito que, como o pé aleijado<br />

de Byron, de certo modo parecia apresentar uma analogia nas esquisitices do caráter.<br />

Sua inteligência era máscula, ampla e corajosa, mas destorcida pela primeira<br />

educação na acanhada escola da Igreja Escocesa, onde os duros e cruéis pontos de<br />

vista dos velhos Convencionais — um Protestantismo impossível, que representava<br />

a reação contra um Catolicismo impossível — jamais envenenou a alma humana.<br />

Sua atitude mental era estranhamente contraditória, pois, se havia herdado essa<br />

atrapalhada teologia, deixara de herdar muito daquilo que é o patrimônio do mais<br />

pobre escocês. Opunha­se a tudo quanto fosse liberal e até mesmo elementares<br />

medidas de justiça, como a Lei de Reforma de 1832, que nele encontrou uma forte<br />

oposição.<br />

Esse homem estranho, excêntrico e formidável tinha tido o próprio<br />

ambiente no século XVII, quando os seus protótipos se reuniam nas charnecas de<br />

Galloway e exterminavam ou, possivelmente, atacavam a braço os dragões de<br />

Claverhouse. Mas a vida continuou e ele teve que escrever o seu nome de certa<br />

maneira nos anais de sua época. Sabemos de sua extrema mocidade na Escócia, da<br />

rivalidade com seu amigo Carlyle no afeto pela inteligente e viva Jane Welsh, de<br />

seus giros e exibições de força, de sua curta carreira como violento mestre­escola em<br />

Kirkcaldy, de seu casamento com uma filha de um ministro naquela cidade e,<br />

finalmente, de sua nomeação para cura, ou assistente do grande Dr. Chalmers, que<br />

era então o mais famoso clérigo da Escócia e cuja administração na paróquia de<br />

Glasgow é um dos mais interessantes capítulos da história da Igreja Escocesa. Neste<br />

cargo ele adquiriu, no trato dos homens, o conhecimento com as classes mais<br />

pobres, o que constitui a melhor e a mais prática preparação para a vida. Sem isto<br />

ninguém é realmente completo.<br />

A esse tempo havia uma pequena igreja escocesa em llatton Garden, fora de<br />

Holborn, em Londres, que tinha perdido o seu pastor e se achava em posição crítica,<br />

quer espiritual, quer financeiramente. A vacância foi oferecida ao assistente do

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