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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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201 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />

possível emprestar a todos os fenômenos psíquicos o valor que lhes atribuem; e o<br />

autor confessa ter observado com frequência que algures, em data anterior, o<br />

médium consultou impressos ou escritos que nos são trazidos depois fora das<br />

condições normais.<br />

O dom peculiar de Foster, pelo qual as iniciais eram estampadas em sua<br />

carne, tinha resultados cômicos. Bartlett conta como um certo Mr. Adams consultou<br />

a Foster. “Quando ia saindo, Mr. Foster lhe disse que em toda a sua experiência<br />

jamais tinha visto um indivíduo trazer tantos Espíritos... A sala estava literalmente<br />

cheia deles, indo e vindo. Às duas da manhã seguinte Mr. Foster me chamou<br />

dizendo: ‘George, quer fazer o favor de acender o gás? Eu não posso dormir: o<br />

quarto está cheio da família Adams e parece que estão escrevendo seus nomes em<br />

mim’. E com grande admiração minha, a lista de nome da família de Adams estava<br />

gravada em seu corpo. Contei onze nomes diferentes: um estava escrito na testa,<br />

outros nas costas. Tais anedotas certamente contribuem para as piadas dos<br />

trocistas, mas nós temos aqui uma prova de que o senso de humor, será maior do<br />

Outro Lado.”<br />

O dom das letras escarlates sobre a pele de Foster parece bem comparável<br />

ao conhecido fenômeno dos estigmas que aparecem nas mãos e nos pés das beatas.<br />

Num caso, a concentração do pensamento do indivíduo sobre um assunto teve um<br />

resultado. No outro, pode ser que a concentração de uma entidade invisível tenha um<br />

efeito semelhante. Devemos lembrar­nos que somos todos Espíritos, dentro ou fora<br />

do corpo, e temos os mesmos poderes, em graus variáveis.<br />

A opinião de Foster sobre sua própria condição parece ter sido muito<br />

contraditória, pois frequentemente declarava, como Margaret Fox­Kane e os<br />

Davenport, que não se arriscava a dizer que seus fenômenos eram devidos a seres<br />

espirituais, quando, por outro lado, todas as suas sessões eram conduzidas na clara<br />

suposição de que o eram. Assim, descrevia ele minuciosamente a aparência do<br />

Espírito e dava mensagens em seu nome para os parentes vivos. Como D. D. Home,<br />

era excessivamente crítico dos outros médiuns, e não acreditava no poder<br />

fotográfico de Mumler, embora tal poder fosse bem atestado em si próprio. Parece<br />

que possuía, em grau exagerado, o espírito volátil do médium típico, facilmente<br />

influenciável para o bem e para o mal. Seu amigo, que era claramente um<br />

observador atento, dele diz: “Era extravagantemente dúplice. Não era apenas<br />

Doutor Jekyll e Mr. Hyde, mas representava meia dúzia de diferentes Jekylls e<br />

Hydes. Era estranhamente dotado e, por outro lado, lamentàvelmente deficiente.<br />

Era um gênio desequilibrado e, por vezes, eu o diria insano. Tinha um coração<br />

realmente tão grande que abarcava o mundo: lágrimas pelos aflitos; dinheiro para<br />

os pobres; e as fibras de seu coração eram tocadas pelas alheias misérias. Outras<br />

vezes seu coração se encolhia como se desaparecesse. Tornava­se desalmado e<br />

petulante como uma criança, até abusar dos melhores amigos. Atirou fora muitos<br />

amigos, como um bagual indomável. Não havia freios que lhe servissem. Foster não<br />

era vicioso, mas era absolutamente incontrolável. Tinha que seguir o seu caminho,<br />

muitas vezes um caminho errado. Como uma criança, parecia nada prever. Dava a<br />

impressão de viver para o dia, despreocupado com o amanhã. Se fosse possível,<br />

fazia exatamente o que queria, sem olhar as conseqüências. Não ouvia conselhos de<br />

ninguém, apenas porque não podia. Parecia impermeável ás opiniões alheias e

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