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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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94 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

primeiros dias foram marcados por grande entusiasmo, muito sucesso, mas, também,<br />

por considerável perseguição. Todos os dirigentes que tinham algo a perder,<br />

perderam­no. Diz Mrs. Hardinge: “O Juiz Edmonds era apontado nas ruas como um<br />

espírita maluco”. Ricos negociantes eram compelidos a fazer declarações, a fim de<br />

serem considerados sãos e poderem manter os seus direitos comerciais pela mais<br />

firme e determinada atitude. Profissionais e comerciantes foram quase reduzidos á<br />

ruína e uma perseguição perseverante, originada na imprensa e mantida pelo púlpito,<br />

descarregava toda sorte de impropérios contra a causa e os seus prosélitos. Muitas<br />

das casas onde se reuniam os grupos espíritas eram perturbadas por multidões,<br />

reunidas ao cair da noite, aos urros, aos gritos, aos assovios, quando não quebrando<br />

as vidraças e procurando molestar os quietos investigadores no seu insano trabalho<br />

de ‘despertar os mortos’, como piedosamente um dos jornais denominava o ato de<br />

invocar os ‘Mistérios dos Anjos’. De lado os altos e baixos do movimento, o<br />

aparecimento de novos médiuns, a ocasional denúncia dos falsos médiuns, as<br />

comissões de inquérito — quase sempre negativas pela falta de percepção dos<br />

investigadores de que o êxito de um grupo psíquico depende das condições psíquicas<br />

de todos os seus membros — o desenvolvimento de novos fenômenos e a conversão<br />

de novos iniciados, há alguns incidentes marcantes dessa primeira fase que deve ser<br />

particularmente frisada. Notável entre estes é a mediunidade de D. D. Home, e a dos<br />

dois rapazes de Davenport, que constituem episódios tão importantes e atraem a<br />

atenção de tal maneira e por tanto tempo que são tratados em capítulos especiais.<br />

Há, entretanto, certas mediunidades menores, que reclamam uma breve referência.<br />

Uma destas é a de Linton, o ferreiro, um homem quase analfabeto, posto que, como<br />

A. J. Davis, tivesse escrito um livro notável e, ao que parece, ditado por um Espírito.<br />

Esse livro de 530 páginas, intitulado “The Healing o! the Nations” 24 é, certamente,<br />

uma notável produção, seja qual for a sua fonte, e é óbvio que não poderia ter sido<br />

produzido normalmente por tal autor. Está ornado de um prefácio longo, da pena do<br />

Governador Tallmadge, que mostra quanto o digno senador conhecia a antiguidade<br />

clássica. Do ponto de vista clássico e da Igreja Primitiva, poucas vezes se tem<br />

escrito melhor.<br />

Em 1857 a Universidade de Harvard mais uma vez se notabilizou pela<br />

perseguição e expulsão de um estudante, chamado Fred Willis, pela prática da<br />

mediunidade. Dir­se­ia que o Espírito de Cotton Mather e dos perseguidores das<br />

feiticeiras de Salém haviam caído em Boston, sobre aquele grande centro de saber,<br />

pois naqueles primeiros tempos estava sempre em luta com aquelas forças invisíveis,<br />

que ninguém pensa em dominar. A coisa começou por uma intempestiva ação da<br />

parte de um certo Professor Eustis, para provar que Willis fraudava, quando todas as<br />

experiências provam que era um verdadeiro sensitivo, que fugia de toda<br />

demonstração pública de sua força. O assunto produziu grande excitação e<br />

escândalo.<br />

Este e outros casos de violência podem ser citados. Não obstante, é preciso<br />

reconhecer que a esperança de êxito de um lado, e a efervescência mental causada<br />

por tão terrível revelação do outro, arrastaram, neste período, os supostos médiuns a<br />

um tal grau de desonestidade e a tão fanáticos excessos e grotescas afirmações, que<br />

24 “A Cura das Nações” — N. do T.

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