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A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

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212 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

matéria e só o fez em consequência da atitude pessoal contra o Conselho da BNAS.<br />

Em segundo lugar as partes da carta suprimida por Mrs. Sidgwick lançam­lhe em<br />

rosto a marca de desvalia. Afirmamos que ninguém acostumado a examinar e<br />

avaliar as provas de maneira científica teria concedido à correspondência a mais<br />

ligeira atenção sem o mais claro testemunho corroborante.<br />

Não obstante admitir­se que um espírita de coração como o arquidiácono<br />

Colley fizesse uma acusação tão concreta, temos uma questão muito grave que não<br />

pode ser levianamente posta de lado. Há sempre a possibilidade de um grande<br />

médium, ao verificar que perde os seus dons — como por vezes acontece — recorrer<br />

à fraude para dissimular a deficiência, até que os dons retornem. Home descreveu<br />

como de súbito perdia as forças durante um ano, para depois voltarem em toda a<br />

plenitude. Se um médium viver da sua mediunidade, tal hiato pode ser uma coisa<br />

séria e uma tentação à fraude. Como quer que tenha sido nesse caso especial, o que é<br />

certo é que, como foi mostrado nestas páginas, há uma massa de provas em favor da<br />

realidade dos dons de Eglinton, que não podem ser abaladas. Entre outras<br />

testemunhas de sua força está Kellar, o famoso ilusionista, que admitia, bem como<br />

muitos outros ilusionistas, que os fenômenos físicos ultrapassam as possibilidades<br />

dos prestidigitadores.<br />

Não há escritor que tivesse deixado tão fortemente a sua marca sobre o lado<br />

religioso do Espiritismo quanto o Reverendo W. Stainton Moses. Seus escritos<br />

confirmam o que já era aceito e definem muito do que era nebuloso. Ele é<br />

geralmente considerado pelos Espíritas como o mais alto expoente de seus pontos de<br />

vista. Entretanto não o julgam o último e infalível; em comunicações póstumas, que<br />

têm forte indício de autenticidade, ele declarou que sua experiência se ampliara,<br />

modificando o seu ponto de vista sobre certos assuntos.<br />

Isto é o inevitável resultado da nova vida para cada um de nós. Esses pontos<br />

de vista religiosos serão abordados em capítulo à parte, que trata da religião dos<br />

Espíritas.<br />

Além de ser um inspirado pregador religioso, Stainton Moses era um<br />

poderoso médium, de modo que foi um dos poucos homens que puderam seguir o<br />

preceito apostólico e o demonstrar por palavras e, também, pelo poder. Neste ligeiro<br />

relato é o aspecto físico que deve ser destacado.<br />

Stainton Moses nasceu em Lincolnshire, a 5 de novembro de 1839, e foi<br />

educado em Bedford Grammar School e no Exeter College de Oxford. Voltou­se<br />

para o ministério religioso e, depois de alguns anos de trabalho como cura na Ilha de<br />

Mau e alhures, tornou­se professor na University College School. É notável o fato<br />

que, durante o seu ano de viagem, tenha visitado o mosteiro do Monte Athos, e aí<br />

tenha passado seis meses — rara experiência para um protestante inglês. Mais tarde<br />

teve a certeza de que isso fora o início de sua carreira psíquica.<br />

Enquanto cura, teve oportunidade de mostrar a sua coragem e o senso de<br />

dever. Uma grande epidemia de varíola espalhou­se na sua paróquia, que não<br />

dispunha de médico. Diz o seu biógrafo: “Dia e noite estava ele à cabeceira de<br />

doentes pobres; por vezes, depois de haver assistido a um moribundo, se via<br />

obrigado a unir as tarefas de sacerdote às de coveiro, e ele próprio transportar os<br />

cadáveres”. Não é de admirar que ao se retirar tenha recebido uma grande<br />

manifestação de reconhecimento dos habitantes, que pode ser resumida nestas

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