A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
159 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
lhe tinham sido apresentadas provas que o obrigavam a retirar as expressões de<br />
confiança nos Holmes. Coisa semelhante fez o Doutor Child.<br />
Escrevendo a Olcott, o qual, depois de sua investigação com Eddy, era<br />
considerado uma autoridade, disse Dale Owen: “Penso que ultimamente eles nos<br />
mistificaram, talvez apenas misturando o bom e o falso, o que levanta dúvidas sobre<br />
as manifestações do último verão. Assim, provàvelmente não as empregarei em meu<br />
próximo livro sobre Espiritismo. É uma perda, mas você e Mr. Crookes têm<br />
contribuído o bastante para o Espiritismo.”<br />
A posição de Dale Owen é bastante clara, desde que era um homem de<br />
honra muito sensível, horrorizado com a ideia de que, por um instante, pudesse ter<br />
atestado que uma impostura era uma verdade. Parece que o seu erro repousa na<br />
circunstância de ter agido ao primeiro cicio de suspeita, em vez de esperar que os<br />
fatos se esclarecessem. A posição do Doutor Child, entretanto, émais discutível, pois<br />
se as manifestações realmente fossem fraudulentas, como poderia ele ter tido<br />
entrevistas sozinho com os mesmos Espíritos em seu consultório?<br />
Foi então verificado que uma senhora, cujo nome não foi dado, tinha estado<br />
representando Katie King nas sessões; que havia consentido que seu retrato fosse<br />
tirado e vendido como Katie King, que podia mostrar os vestidos e enfeites usados<br />
por Katie King nas sessões e que estava pronta para fazer uma confissão plena. Nada<br />
parecia mais desesperador e mais completo. Foi nessa altura que Olcott tomou a<br />
investigação e parece que estava preparado para verificar que a opinião geral era<br />
certa.<br />
Logo as suas investigações revelaram alguns fatos que, entretanto lançaram<br />
uma luz nova sobre a questão, provando que, a fim de ser minuciosa e exata, a<br />
pesquisa psíquica deve examinar as “imposturas” com o mesmo senso crítico que<br />
aplica aos fenômenos. O nome da pessoa que tinha confessado haver representado o<br />
papel de Katie King foi declinado: era Elisa White. Numa declaração que ela<br />
publicou, sem dar o nome, disse haver nascido em 1851, o que lhe dava então vinte<br />
e três anos de idade. Tinhase casado aos quinze e tinha um filho de oito anos. Seu<br />
marido havia morrido em 1872 e ela devia sustentarse e ao filho. Desde março de<br />
1874 os Holmes moravam na mesma casa que ela. Em maio a contrataram para<br />
representar o Espírito. A cabine tinha uma parede falsa na parte posterior, por onde<br />
ela podia insinuarse vestida de musselina. Mr. Dale Owen tinha sido convidado<br />
para as sessões e ficara inteiramente empolgado. Tudo isto resultoulhe num drama<br />
de consciência, que, todavia, não a impediu de arriscarse a maiores cometimentos,<br />
tais como os de aprender a desvanecerse ou mudar de forma, por meio de panos<br />
pretos ou fazerse fotografar como Katie King.<br />
Um dia, de acordo com o seu relato, veio à sua sessão um homem chamado<br />
Leslie, empreiteiro de estrada de ferro. Esse cavalheiro mostrou suspeitas e na<br />
sessão seguinte reveloulhe a sua fraude, e lhe ofereceu auxílio em dinheiro se ela o<br />
confessasse. Aceitou e mostrou a Leslie os seus métodos de mistificação. A 5 de<br />
dezembro foi realizada uma sessão fraudulenta, na qual ela representou seu papel<br />
como nas sessões reais. Isto impressionou de tal modo a Dale Owen e ao Doutor<br />
Child, que se achavam presentes, que publicaram aquelas notícias nas quais<br />
reconsideravam a sua crença — e essa reconsideração foi um golpe naqueles que<br />
acreditavam nas primeiras declarações de Dale Owen e que agora entendiam que ele