A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle
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307 – <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong> <strong>ESPIRITISMO</strong><br />
morrido. Contudo o camarada não queria sair; e, como meus amigos parece que se<br />
afastaram para que ele falasse, prometi satisfazer os seus desejos. Procurei cumprir<br />
a minha promessa, mas sabendo que a sua gente era do partido da Igreja e, mais<br />
provavelmente, não acreditaria, fiquei pensando em como levar o recado, pois<br />
sentia que eles iriam pensar que a minha perda tinha afetado o meu cérebro.<br />
Arrisqueime a me aproximar de sua tia, mas o que lhe disse apenas recebeu esta<br />
resposta: ‘Não pode ser’. Então resolvi esperar uma oportunidade de falar<br />
diretamente à sua mãe. Antes que se apresentasse a esperada oportunidade, uma<br />
moça da cidade, que havia perdido a mãe dois anos antes, ouvindo de minha filha<br />
que eu investigava esse assunto, visitoume e eu lhe emprestei livros. Um desses<br />
livros é ‘Rupert Lives’, com o qual ela ficou muito chocada e eventualmente<br />
arranjou uma sessão com Miss McCreadie, através de quem recebeu um<br />
testemunho convincente, tornandose uma crente convicta. Durante a sessão, o<br />
moço soldado que veio a mim, lá foi ter também. Repetiu a mesma descrição que eu<br />
tinha recebido e acrescentou o seu nome — Charlie — e lhe pediu que desse o<br />
recado à sua mãe e sua irmã — a mesmíssima mensagem que eu deixara de<br />
entregar. Estava tão ansioso pela coisa que, ao terminar a sessão voltou e implorou<br />
que ela não lhe faltasse. Agora, estes fatos se passaram em datas diferentes — julho<br />
e setembro — exatamente a mesma mensagem foi dada através de médiuns<br />
diferentes e diferentes pessoas, e ainda há quem diga que isso é um mito e que os<br />
médiuns apenas têm os nossos pensamentos. ‘Quando a minha amiga me contou a<br />
sua experiência imediatamente lhe pedi que fosse comigo à mãe do rapaz e tenho a<br />
satisfação de verificar que essa dupla mensagem as convenceu a ambas, mãe e<br />
filha, e que a tia do rapaz está quase convencida da verdade, se é que não o está<br />
completamente’.<br />
Sir William Barret 221 registra essa comunicação probante, que foi recebida<br />
em Dublin, através da prancheta, com Mrs. Travers Smith, filha do falecido<br />
Professor Edward Dowden. Sua amiga, Miss C., que é mencionada, era filha de um<br />
médico. Sir William chama a este “O Caso do Alfinête de Pérola”.<br />
Miss C., assistente, tinha um primo, oficial do nosso exército na França, o<br />
qual fora morto numa batalha, um mês antes da sessão. Ela o sabia. Um dia em que<br />
o nome de seu primo tinha sido deletreado inesperadamente numa sessão de<br />
prancheta e o nome dela dado em resposta à pergunta “Sabe quem sou eu?”, veio a<br />
seguinte mensagem: “Diga a mamãe que dê um alfinete de pérola à moça com quem<br />
eu ia casarme. Penso que ela deve ficar com ele.” Quando perguntaram o nome e o<br />
endereço da moça, estes foram dados. O nome deletreado compreendia o seu nome<br />
de batismo, o sobrenome, que era muito pouco comum e desconhecido de ambos os<br />
assistentes. O endereço dado em Londres era fictício ou captado incorretamente,<br />
pois uma carta para lá enviada foi devolvida. Então pensouse que toda a mensagem<br />
fosse fictícia.<br />
Seis meses depois, entretanto, foi descoberto que o oficial tinha ficado<br />
noivo, pouco antes de ir para a frente, exatamente da moça cujo nome fora dado.<br />
Entretanto não tinha dito isso a ninguém. Nem sua prima, nem sua família na Irlanda<br />
sabiam do fato, nem tinham jamais visto a moça ou ouvido falar em seu nome até<br />
que o Ministério da Guerra mandou os objetos do morto. Então verificaram que ele<br />
havia posto o nome da? moça com seu testamento, como sua parenta mais próxima<br />
221 “On the Threshold of the Unseen ”, página 184.