17.11.2018 Views

A HISTÓRIA DO ESPIRITISMO Conan Doyle

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

38 – Arthur <strong>Conan</strong> <strong>Doyle</strong><br />

independentes da vontade de quem as proferia. Nalguns casos, entretanto, essas<br />

forças atuavam até que o sensitivo fosse, sob sua influência, capaz de longas<br />

arengas, de expor a lei da mais dogmática maneira, sobre pontos de doutrina e fazer<br />

censuras que, incidentemente eram carapuças para o sofrido pastor.<br />

Pode ter havido — de fato houve, provàvelmente uma verdadeira origem<br />

física para tais fenômenos; mas eles se tinham desenvolvido num terreno de estreita<br />

e fanática teologia, destinada a levá­los a ruína. O próprio sistema religioso de<br />

Swedenborg era demasiadamente acanhado para receber a plenitude desses dons do<br />

espírito. De modo que pode imaginar­se a que se reduziram, quando recebidos nos<br />

estreitos limites de uma igreja escocesa, onde cada verdade há de ser virada e<br />

revirada até ajustar­se a algum êxito fantástico. O bom vinho novo não pode ser<br />

guardado em insuficientes odres velhos. Tivesse havido uma revelação mais<br />

completa, e certamente outras mensagens teriam sido recebidas de outras maneiras,<br />

as quais teriam apresentado o assunto em suas justas proporções; e um dom<br />

espiritual teria sido comprovado por outros. Mas ali não havia desenvolvimento:<br />

havia o caos. Alguns daqueles ensinos não se acomodavam à ortodoxia e, assim,<br />

foram considerados obra do diabo. Alguns dos sensitivos condenavam os outros<br />

como heréticos.<br />

Levantava­se voz contra voz. O pior de tudo é que alguns dos “oradores” se<br />

convenceram de que seus discursos eram diabólicos. Parece que sua razão principal<br />

é que os discursos não se acomodavam às suas próprias convicções espirituais, o que<br />

nos poderia parecer antes uma indicação de que eram angélicos. Também entravam<br />

pelo escorregadio caminho da profecia e ficavam envergonhados quando suas<br />

profecias não se realizavam.<br />

Alguns fatos constatados através desses sensitivos e que chocavam a sua<br />

sensibilidade religiosa poderiam ter sido melhor compreendidos por uma geração<br />

mais esclarecida.<br />

Assim, admite­se que tenha sido um dos estudiosos da Biblia que tenha<br />

dito, em relação à Sociedade Bíblica, “que ela era um curso em toda a Terra,<br />

cobrindo o Espírito de Deus, pela letra da palavra de Deus”. Certo ou errado,<br />

parece que o enunciado independe de quem o anuncia e se acha de pleno acordo com<br />

os ensinos espirituais que atualmente recebemos.<br />

Enquanto a letra for considerada sagrada, tudo pode ser provado por aquele<br />

livro, inclusive o puro materialismo.<br />

Um dos principais iniciados era um tal Robert Baxter — e que não deve ser<br />

confundido com o Baxter, que, uns trinta anos mais tarde, estava ligado a notáveis<br />

profecias. Parece que esse Robert Baxter era um cidadão sólido, zeloso e prosaico,<br />

que via as Escrituras mais do ponto de vista de um documento legal, com um valor<br />

exato para cada frase — especialmente para aquelas frases que serviam ao seu<br />

próprio esquema hereditário da religião. Era um homem honesto, com uma<br />

consciência inquieta, que o preocupava continuamente com os menores detalhes,<br />

enquanto o deixava imperturbável em relação à larga plataforma, sobre a qual eram<br />

construídas as suas opiniões. Esse homem era fortemente afetado pelo influxo do<br />

Espírito ou, para usar as próprias palavras, “a sua boca era aberta pela força”. De<br />

acordo com ele, o dia 14 de janeiro de 1832 foi o começo daqueles rústicos 1260,<br />

dias que deveriam preceder a Segunda Vinda e o fim do mundo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!