09.05.2013 Views

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

108 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

“A decomposição superficial das rochas, na extensão em que se<br />

dá aqui, é um fenômeno dos mais notáveis. Revela, fortemente acusado,<br />

um agente geológico que ainda não se levou em conta nas nossas teorias. É<br />

bem evidente (e enquanto lhe escrevo a chuva violenta que me retém em<br />

casa é uma prova suficiente disso) que as chuvas quentes que caem sobre<br />

esse solo escaldante devem poderosamente concorrer para acelerar a desintegração<br />

das rochas. Torrentes de água quente, caindo desde séculos sobre<br />

pedras calcinadas pelo sol; pense nisso! E, em lugar de se admirar de uma<br />

decomposição tão geral e extensa, você ficará bem mais surpreso que uma<br />

rocha qualquer tenha podido conservar o seu estado primitivo. De fato,<br />

todas as rochas visíveis estão, por assim dizer, incrustadas sob o revestimento<br />

formado pela parte decomposta de suas superfícies; estão recobertas com<br />

uma crosta de sua própria substância alterada.<br />

“Seu, etc.<br />

L. A.”<br />

Vegetação. Entre as coisas curiosas que vimos aqui pela primeira<br />

vez, destaco o fruto colossal da sapucaia, espécie de Lecitis que pertence<br />

à mesma família das nozes do <strong>Brasil</strong>. Há delas diferentes variedades<br />

cujo tamanho varia desde o volume de uma maçã até o do melão; a sua<br />

forma é a de uma urna munida de uma tampa e o interior contém cerca de<br />

cinqüenta sementes do tamanho de amêndoas. As florestas que cobrem as<br />

colinas da Tijuca são de grande beleza e luxuriante vegetação, mas faltamme<br />

os nomes para indicar as diferentes árvores. Não estamos ainda bastante<br />

familiarizados com o aspeto da floresta para distinguir com facilidade as<br />

diversas formas de vegetação, e, por outra, é extremamente difícil saber <strong>ao</strong><br />

justo o nome vulgar das plantas. Os brasileiros me parecem ser indiferentes<br />

<strong>ao</strong>s detalhes da natureza; de qualquer modo, não obtenho nunca uma resposta<br />

satisfatória à pergunta que constantemente vivo a fazer: “Como se<br />

chama esta árvore, ou esta flor?” Se me dirijo a um botânico, ele me dá<br />

invariavelmente o nome científico, nunca o nome popular; parece mesmo<br />

nem se dar conta de que tal nome possa existir. Tenho pela nomenclatura<br />

todo o respeito que lhe é devido; mas quando pergunto o nome de uma<br />

árvore elegante ou de uma graciosa flor, gostaria de receber uma resposta<br />

razoável, alguma coisa que se possa decentemente intercalar na simplicidade<br />

da linguagem comum, e não uma majestosa e oficial apelação latina. Fica-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!