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Viagem ao Brasil - Logo Metasys

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200 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

de lado. Com a chegada do Belém, recebi a sua amável carta e a partida de<br />

álcool que eu pedira <strong>ao</strong> Sr. Bond. Escrevi-lhe hoje para que me mande outra<br />

para Tefé e, mais tarde, para Manaus. Agradeço-lhe o catálogo dos peixes do<br />

Pará; restituir-lho-ei na volta, com os acréscimos que farei durante o resto<br />

da viagem. Adeus, meu prezado amigo.<br />

Todo seu,<br />

L. Agassiz.”<br />

Vida a bordo. Pelo fato de não estarmos mais num navio inteiramente<br />

às nossas ordens, não deixamos de ser hóspedes da Companhia<br />

Amazonense, pois somos passageiros do governo. É impossível se estar mais<br />

bem aparelhado para a comodidade da viagem do que nos vapores do Amazonas.<br />

São admiravelmente administrados e de asseio extremo; os seus camarotes<br />

são vastos, embora só deles nos utilizemos para vestir. É bem mais<br />

agradável dormir-se na rede, na coberta, que é amplamente aberta. A mesa é<br />

perfeita e cuidadosamente servida, e a comida excelente, se bem que pouco<br />

variada. Só uma coisa nos falta: é o pão, mas a rigor, o biscoito de bordo o<br />

substitui. Eis como vivemos: saltamos das redes ainda de madrugada, depois<br />

descemos para nos vestir e tomar uma xícara de café. Durante esse<br />

tempo, lavam a coberta, arrumam as redes, de modo que tudo esteja em<br />

ordem quando subimos de novo. Enquanto esperamos o almoço, que a<br />

companhia anuncia às dez horas e meia, eu estudo português, não sem interromper<br />

freqüentemente minha lição para olhar as margens e admirar as<br />

árvores; a tentação é constante quando passamos perto de terra. Às dez horas<br />

e meia, onze no máximo, vamos para a mesa. Já então o brilho do sol é<br />

muito vivo, e, habitualmente, me recolho <strong>ao</strong> camarote; é a hora de pôr o<br />

meu diário em ordem e fico escrevendo durante o forte do calor. Às três<br />

horas, considero terminado o meu tempo de trabalho; tomo um livro e<br />

vou para a coberta me sentar na chaise-longue donde contemplo a paisagem<br />

e me divirto em seguir com os olhos os pássaros, as tartarugas, os crocodilos<br />

que se mostram aqui e ali; numa palavra, mato o tempo. Às cinco horas,<br />

serve-se o jantar, quase sempre na coberta, e é depois do jantar que começam<br />

os momentos mais agradáveis do dia. Uma viração deliciosa sucede <strong>ao</strong><br />

calor do dia, o pôr-do-sol é sempre magnífico; vou me colocar na proa do<br />

navio, e fico aí até nove horas. Vem o chá, depois cada qual volta à sua rede e,<br />

da minha parte, durmo na rede profundamente até a madrugada seguinte.

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