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428 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

os estabelecimentos públicos desta grande Capital, e o nosso grande empenho,<br />

presentemente, é ver tudo o que há para se ver.<br />

Hospital da Misericórdia. Esta manhã visitamos o Hospital<br />

da Misericórdia. Talvez consiga dar uma melhor idéia dessa instituição e de<br />

suas condições atuais dizendo o que foram antes. Há quarenta anos existia<br />

no Rio um hospital chamado a “Misericórdia”; compunha-se de algumas<br />

salas baixas a que iam ter escadas estreitas e íngremes, de degraus escuros e<br />

difíceis de subir. No dizer dos médicos, que eram nessa época estudantes, a<br />

organização interna era tão miserável quanto o aspecto geral; o assoalho era<br />

úmido e cheio de pó, os leitos lastimáveis, as roupas mal asseadas e a ausência<br />

de qualquer sistema de arejamento se fazia tanto mais sentir quanto a<br />

falta de cuidados era maior. Os cadáveres esperavam pelo enterro numa<br />

saleta em que os ratos se regalavam, e um médico, que depois ocupou distinta<br />

posição, contou-nos que, muita vez, quando ia buscar ali material para<br />

seus estudos anatômicos, teve a vida em perigo nessa sala dos mortos e só<br />

com muito custo enchotava os impudentes visitantes. Eis o que era a Misericórdia<br />

na época em que o <strong>Brasil</strong> conquistou a independência. Vejamos o<br />

que é hoje: no mesmo terreno, porém ocupando maior área, se ergue o<br />

atual hospital, que mais tarde se comporá de três edifícios paralelos, de<br />

comprimento proporcional à sua largura, reunidos por corredores e separados<br />

por áreas internas. O pavilhão central, destinado <strong>ao</strong>s homens, já foi<br />

entregue <strong>ao</strong>s doentes faz muito tempo. O pavilhão de frente, que dá para a<br />

baía, está quase concluído; destina-se <strong>ao</strong>s depósitos, às salas dos médicos,<br />

dispensários, etc.; finalmente, o terceiro corpo do edifício, ainda não começado,<br />

se destinará às mulheres e crianças, atualmente relegadas <strong>ao</strong> antigo<br />

prédio. Examinemos agora o pavilhão central; nele se entra por um espaçoso<br />

vestíbulo pavimentado de mármore; um segundo vestíbulo, menor, comunica<br />

com duas salas públicas, onde são dadas as consultas e gratuitamente<br />

fornecidos os remédios; uma larga escadaria de madeira escura leva a<br />

vastos corredores, para os quais se abrem as salas, e que recebem luz dos<br />

viçosos jardins cercados pelos pavilhões. Nesses jardins, os doentes podem<br />

passear à vontade e descansar na sombra. Fomos recebidos, na primeira sala,<br />

por uma irmã de caridade que, na ausência da superiora, está encarregada de<br />

mostrar o estabelecimento. A descrição de uma sala dá a conhecer todas as<br />

demais, pois são todas iguais. São peças compridas de teto alto, onde os

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