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88 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

pela sua forma ele julga ser uma rocha “acarneirada”, 50 aproximando-se, porém,<br />

de mais perto, ela dá com uma crosta decomposta em lugar de uma<br />

superfície polida. A mesma coisa lhe acontece com os terrenos de transporte<br />

que correspondem <strong>ao</strong> drift 51 do hemisfério setentrional, e com os blocos ou<br />

fragmentos de pedra destacados da massa. Em razão de sua decomposição<br />

profunda em todos os pontos expostos à ação atmosférica, é impossível concluir<br />

o que quer que seja de seu aspeto exterior. Não há uma única rocha, a<br />

não ser que tenha sido quebrada recentemente, cuja superfície se encontre no<br />

estado natural. 52<br />

Petrópolis. Já era sol posto quando entramos na linda cidadezinha<br />

de Petrópolis. É o paraíso de verão de todos os fluminenses, 53 bastante<br />

felizes para poderem fugir <strong>ao</strong> calor, à poeira e às exalações da cidade; vêm aqui<br />

à procura do ar puro e do panorama deslumbrante da serra. O palácio de<br />

verão do Imperador, edifício mais elegante e menos sombrio que o de São<br />

50 Moutonnée. É a denominação que os montanheses da Savóia dão <strong>ao</strong>s blocos arredondados que as<br />

geleiras do monte Branco depositavam na planície. (Nota da trad. francesa.)<br />

51 Não temos tradução para drift, expressão inglesa que significa transporte (no caso, material de<br />

transporte glaciário). J. C. Branner, em sua Geologia Elementar, emprega a expressão sueca till,<br />

aplicada na acepção especial de argila glacial. (Nota do tr.)<br />

52 De uma vez por sempre, diante da primeira referência à hipótese da glaciação no <strong>Brasil</strong>, que será<br />

tantas vezes referida nesta obra, lembremos, <strong>ao</strong> leitor pouco <strong>ao</strong> par dos trabalhos de geologia que<br />

retificaram Agassiz, a opinião de J. C. Branner que os resume: “Acreditou-se, há tempos, que o<br />

<strong>Brasil</strong> também tinha sido glaciado, mas estudos posteriores têm demonstrado que não há provas<br />

concludentes da ação glacial em parte alguma deste país (V. J. Branner - “A suposta glaciação do<br />

<strong>Brasil</strong>”, em Revista <strong>Brasil</strong>eira, vol. VI, págs. 49-55, 116-113, 1896). Julgou-se que os morros<br />

arredondados das vizinhanças do Rio de Janeiro, e bem conhecidos <strong>ao</strong> longo da costa, tanto no<br />

norte como no sul, apresentavam superfícies glaciadas: estas formas foram produzidas, porém,<br />

pela exfoliação. Os grandes blocos ou matacões nas praias de Paquetá foram considerados como<br />

blocos erráticos, mas são blocos de decomposição tal como hoje se formam em muitas partes do<br />

<strong>Brasil</strong>. Os grandes blocos do vale abaixo da Tijuca, conhecidos como as “Furnas de Agassiz”,<br />

foram considerados como sendo blocos erráticos trazidos de alguma outra parte do continente,<br />

mas são derivados do grande dique da encosta dessa mesma montanha. As argilas vermelhas que<br />

por toda parte formam o subsolo da serra do Mar eram consideradas como till, ou argila glacial;<br />

estas, porém, são apenas os produtos da decomposição in situ das rochas cristalinas da região.<br />

Em parte alguma do <strong>Brasil</strong> tem-se encontrado uma rocha estriada in situ ou um bloco estriado,<br />

ou qualquer outra prova evidente indubitável da ação glacial durante o período pleistoceno. As<br />

serras do Ceará, que foram consideradas por Agassiz como sujeitas à glaciação, são também<br />

serras de granito que por toda parte mostram a exfoliação característica dessas rochas. As<br />

fraldas das serras de Aratanha e de Pacatuba não exibem tampouco morena alguma (J. C.<br />

Branner, Geologia Elementar, pág. 100, 2 a edição). - (Nota do tr.)<br />

53 Fluminenses (de flumen, fluminis, rio) habitantes do Rio de Janeiro (Nota da trad. francesa)*.<br />

* Depois da República, quando o então Município Neutro (hoje Distrito Federal) passou a não<br />

fazer parte do atual Estado do Rio de Janeiro, só <strong>ao</strong>s naturais desse estado cabe agora a<br />

designação de “fluminenses”. (Nota do tr.)

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