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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 293<br />

Navegação no rio Ramos. Aspecto das margens. A manhã<br />

do dia que se seguiu à nossa partida, passamo-la da maneira mais interessante.<br />

Encontrávamo-nos na foz do rio Ramos. Os navios a vapor aí não navegam<br />

e o comandante tinha seus receios pois nada lhe assegurava haver água<br />

bastante para que o navio pudesse passar. Foi portanto necessário avançar<br />

com cautela, sondando a cada volta da roda e enviando barcos na frente para<br />

o reconhecimento da direção do canal. Uma vez em plena corrente, achouse<br />

água suficiente para o calado dos maiores navios. As margens desse canal<br />

são das mais lindas; a floresta se animava das mais ricas cores, e o ar estava<br />

todo carregado do perfume das flores. Ainda não era a estação destas quando<br />

chegamos, há seis meses, na Amazônia. Ficamos também impressionados<br />

com a abundância e variedade das palmeiras, muito mais numerosas no<br />

curso inferior do Amazonas do que no do Solimões. Nas margens, de quando<br />

em vez, viam-se plantações que apresentavam um bom aspecto e eram cuidadas<br />

com asseio, denotando certa cultura mais inteligente do que a que<br />

costumávamos ver em outros lugares; em volta dos sítios pastava um gado<br />

bem tratado. Atraídos pelo barulho das rodas do nosso navio, os habitantes<br />

acorriam e contemplavam estupefatos esse visitante incomum; formavam<br />

grupos imóveis na margem a quem a surpresa nem permitia responder às<br />

nossas saudações. A vinda dum navio a vapor às suas águas deveria ter sido<br />

um bom sinal para eles, um presságio dos tempos, pouco distantes talvez,<br />

em que pequenos piróscafos próprios para essa espécie de navegação fluvial<br />

virão ligar umas às outras todas as povoações esparsas. Então, <strong>ao</strong> invés de<br />

incertas e fastidiosas viagens de canoas, a Serpa ou a Vila Bela, os produtos<br />

serão transportados para uma ou outra dessas cidades. Todavia, é muito<br />

pouco provável que essa visão profética se tenha oferecido <strong>ao</strong> espírito deles.<br />

Se fizeram qualquer conjetura sobre o objetivo de nossa visita, foi sem<br />

dúvida a suposição contristadora de que o nosso navio estava cumprindo<br />

uma missão de recrutamento. Se assim foi, estávamos verdadeiramente inocentes:<br />

os únicos recrutas que vínhamos pegar eram os peixes.<br />

Chegada a Maués. Situação da vila. Do Ramos, passamos <strong>ao</strong><br />

rio Maués, que subimos até a vila do mesmo nome, e é aqui que hoje<br />

gozamos da hospitalidade do Sr. Michelis. Se algum de meus leitores é tão<br />

ignorante quanto eu mesma o era antes de realizar esta viagem, um pouco<br />

de geografia não será muito fora de propósito. Como todo o mundo sabe,

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