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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 125<br />

Refeição sobre a relva. De madrugada os cavalos selados estão<br />

na porta à nossa espera e, antes que o sol se levante, já galgamos a serra. O<br />

ponto de reunião é uma habitação situada na serra da Babilônia, a duas<br />

léguas da fazenda principal, em terras altas demais para que se possa cultivar<br />

o café. Lá é que o Sr. Laje tem as suas cudelarias e suas crias. A subida, toda<br />

em ziguezague, é alguma coisa de delicioso nesta hora matinal; as nuvens se<br />

tingem dos rubores da aurora, as colinas distantes e as florestas se espalham<br />

<strong>ao</strong> infinito <strong>ao</strong>s nossos pés e se abraçam, <strong>ao</strong>s primeiros raios do sol. A última<br />

parte do caminho se mete quase sempre pela mata adentro. Depois de duas<br />

horas de marcha, no fim da estrada, damos de frente com o alto da colina,<br />

por cima de um pequeno lago, cavado, como no fundo de uma taça, numa<br />

depressão da montanha, em face justamente da fazenda. Foi de um efeito<br />

teatral admirável. Nas margens do lago erguia-se no lugar mais visível o<br />

pavilhão norte-americano, e sobre as águas flutuava um barco a vapor em<br />

miniatura tendo numa das extremidades o pavilhão brasileiro e na outra o<br />

dos Estados Unidos. Na entrada, o Sr. Laje nos convidou a passar à frente<br />

do resto da cavalgada. Acedemos <strong>ao</strong> seu convite sem compreender muito o<br />

motivo. Mas logo o descobrimos, porque logo que transpusemos a entrada,<br />

a linda embarcação se aproximou da terra, deu uma salva em nossa<br />

honra e nos deixou ver o seu nome escrito em letras grandes: AGASSIZ.<br />

Foi uma encantadora surpresa preparada com enorme sucesso. Passada a<br />

pequena emoção causada por esse incidente, entramos na casa para deixar as<br />

nossas roupas de montaria e nos preparar para uma longa excursão na floresta.<br />

Principiamos por tomar passagem na pequena embarcação recém-batizada;<br />

num instante atravessamos o lago e estamos na margem oposta. Aí,<br />

mesas e bancos rústicos foram impostos <strong>ao</strong> abrigo de uma coberta para um<br />

almoço campestre; já os criados estão em ação; acendem o fogo para fazer o<br />

café, cozinhar os frangos, o arroz e todo o menu do festim. Enquanto se<br />

espera, vamos flanar, à vontade, na floresta virgem. São as mais esplêndidas,<br />

as mais selvagens, as mais primitivas belezas da natureza tropical que jamais<br />

vimos. Não creio que qualquer descrição possa nos predispor para o contraste<br />

que há entre a floresta do <strong>Brasil</strong> e a do nosso país, se bem que esta<br />

tenha também direito a denominação de “virgem”. Não é unicamente uma<br />

vegetação inteiramente diversa, é a impenetrabilidade da massa, a densidade, a<br />

obscuridade, a solenidade dessas matas que tornam a impressão tão profunda.<br />

Parece que o modo de crescimento das árvores, sua maioria elevando-se a uma

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