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154 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

grossos fragmentos, fornecida pelos tubérculos da mandioca. Na província<br />

do Pará, as pessoas de todas as classes são apaixonadas por essa bebida, e há<br />

mesmo um provérbio que diz:<br />

Quem vai <strong>ao</strong> Pará,<br />

parou...<br />

Bebeu açaí,<br />

ficou.<br />

Arredores do Pará. 12 de agosto – Despertamos muito cedo e<br />

fomos correr a cidade. Os seus arrabaldes têm merecido um cuidado muito<br />

especial, e a Rua de Nazaré, larga avenida que leva deste arrabalde <strong>ao</strong> centro,<br />

está plantada, numa extensão de duas ou três milhas de belas árvores em que<br />

predominam mangueiras. No caminho, notamos uma palmeira de caule<br />

esguio que se tornou presa duma enorme parasita, que a sufoca num implacável<br />

amplexo. Tão luxuriante é o desenvolvimento da planta assassina que<br />

os seus galhos vigorosos e a sua espessa folhagem não nos deixam ver, a uma<br />

primeira observação, a estipe inteiramente escondida de que suga a seiva.<br />

Com efeito, é tão-somente no alto da palmeira que algumas folhas em<br />

leque escapam <strong>ao</strong> inimigo e se lançam para o ar e para a luz como para fugir<br />

dele. A infeliz planta, contudo, não poderá viver por muito tempo: mais<br />

alguns dias e a sua morte fará soar para o assassino a hora do castigo.<br />

Vegetação. Alguns passos adiante, na mesma avenida, deparase-nos<br />

outra prova, e encantadora, de exuberância da vida vegetal. Num dos<br />

lados da avenida, eleva-se o esqueleto duma casa: ruína, ou construção<br />

inacabada em abandono? Não o sei. O que seja, não tem mais do que os<br />

muros, abertos nos lugares das portas e janelas. Mas a natureza completou o<br />

edifício: cobriu-o com um belo teto de verdura, atapetou-lhe os muros<br />

com plantas engrinaldadas em volta dos vãos arruinados, transformou o<br />

interior vazio num jardim de sua escolha, e a casa deserta, na falta de outros<br />

habitantes, serve pelo menos de abrigo <strong>ao</strong>s passarinhos. É um quadro admirável<br />

e sempre que passo em frente dele desejo possuir o seu esboço.<br />

O Mercado – Canoas de índios. Chegando à cidade, fomos<br />

direito <strong>ao</strong> mercado; está situado perto da margem do rio e foi com vivo<br />

prazer que vimos abordarem as canoas dos índios. A “montaria” (é o nome<br />

que eles dão às suas embarcações) é longa e estreita, e tem numa de suas

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