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Viagem ao Brasil - Logo Metasys

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410 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

<strong>ao</strong> passo que a barreira de que fala o Sr. Félix é rochosa e desnuda. Agassiz<br />

não tem dúvida de que esse acúmulo, esse dique de materiais de transporte,<br />

cuja direção e situação correspondem tão perfeitamente às conjeturas por<br />

ele feitas diante das provas encontradas no vale amazônico, seja uma parte<br />

da morena lateral que limitava outrora a sudeste a grande geleira do Amazonas.<br />

Infelizmente não lhe é possível ir vê-la; mesmo que não lhe faltasse<br />

tempo para empreender tão longa viagem no interior, todos lhe dizem que<br />

nesta estação as estradas são impraticáveis. Resta-lhe, pois, deixar a outro<br />

explorador mais jovem e mais feliz a tarefa de se certificar da identidade<br />

dessa colossal morena. No que lhe respeita, contentar-se-á em examinar<br />

diretamente os anéis dessa cadeia de provas menos distantes, isto, é os vestígios<br />

das geleiras locais, nas serras das vizinhanças imediatas da cidade de<br />

Ceará. Se a bacia do Amazonas foi efetivamente coberta pelo gelo, todas as<br />

montanhas das províncias vizinhas que se acham fora de seus limites, tiveram<br />

necessariamente, elas também, as suas geleiras. E é para procurar essas<br />

geleiras locais que vamos empreender uma excursão à serra de Baturité.<br />

Preparativos para uma viagem <strong>ao</strong> interior. Dificuldades e<br />

adiamentos. 6 de abril – Pacatuba (no sopé da serra de Aratanha) – Depois<br />

de adiamentos sem fim, e toda sorte de aborrecimentos a respeito de cavalos,<br />

empregados e demais preparativos, pusemo-nos enfim a caminho, no<br />

dia 3, depois do meio-dia. A maneira de se viajar e o caráter dos habitantes<br />

da região não permitem fazer uma excursão com presteza e pontualidade.<br />

Enquanto os nossos preparativos se iam fazendo, todos os vizinhos e conhecidos<br />

vinham passear em nossa casa para ver como as coisas andavam.<br />

Um aconselhava adiar a partida para o dia seguinte, devido a algum acidente<br />

com os animais; outro que se aguardasse uma semana mais na esperança de<br />

melhorar o tempo. Não passava pela cabeça de ninguém que pudesse haver<br />

importância em partir com a diferença de dias, semanas ou até de meses.<br />

Os comedores de lótus, no “país em que é sempre tarde” não poderiam ser<br />

mais indiferentes à marcha do tempo. Mas essa calma imperturbável que se<br />

coloca acima das leis a que está sujeito o resto da pobre humanidade, essa<br />

ignorância da grande máxima tempus fugit são simplesmente exasperantes<br />

para um homem que dispõe apenas de quinze dias entre duas passagens de<br />

navio para realizar a sua viagem, e que sabe, outrossim, que o tempo é<br />

sempre curto demais para o que tem em vista fazer. Esses hábitos de adia-

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