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398 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

que os geógrafos contemplando o Madeira se lançar quase diretamente no<br />

mar, cogitarão se ele foi algum dia um afluente do Amazonas; absolutamente<br />

como hoje nós nos perguntamos se o Tocantins é um tributário ou<br />

um rio propriamente dito.<br />

“Igarapé Grande. Voltemos, porém a Marajó e <strong>ao</strong>s fatos positivos.<br />

A ilha é cortada na sua extremidade sudeste por um curso d’água<br />

bastante volumoso chamado “Igarapé Grande”. Dir-se-ia, realmente, que a<br />

fenda aberta no solo por esse curso d’água foi feita para nos dar um corte<br />

geológico, tanto evidenciam as três formações características do Amazonas.<br />

Na foz desse Igarapé Grande, próximo à vila de Soure, e na margem oposta<br />

a Salvaterra, pode-se observar: embaixo, o arenito bem estratificado sobre<br />

que se apóia a argila finamente laminada coberta por sua crosta vidrada;<br />

acima dela, o arenito fortemente ferruginoso de estratificação torrencial,<br />

com seixos de quartzos em diferentes pontos; finalmente, por sobre tudo<br />

isso, a argila arenosa ocrácea, sem estratificação, distendida sobre a superfície<br />

ondulada do grés desnudado, acompanhando as desigualdades de seu<br />

suporte e enchendo-lhe todas as depressões e sulcos. Mas, cavando assim o<br />

seu leito nessas formações a uma profundidade de 25 braças (46 metros),<br />

como me certifiquei, o Igarapé Grande abriu, simultaneamente, o caminho<br />

para as invasões da maré, e o oceano por sua vez avança hoje pela terra<br />

adentro. Não houvesse outras provas da ação das marés nessa região o corte<br />

abrupto do leito do Igarapé Grande contrastando com o declive suave de<br />

suas margens na foz, em todos os pontos em que foram modificadas pela<br />

invasão do oceano, já nos permitiria verificar a obra do rio e do mar e<br />

bastaria para provar que a desnudação em via de execução resulta do trabalho<br />

de um sobre o outro. Além disso, porém, tive oportunidade de descobrir,<br />

durante a minha recente excursão, uma prova que se não pode deixar<br />

de reconhecer, que evidencia perfeitamente a invasão do mar.<br />

“Soure. Em Soure, na foz do Igarapé Grande, como em<br />

Salvaterra na margem meridional, se encontra uma floresta submersa que,<br />

evidentemente, crescia sobre um desses terrenos pantanosos onde a inundação<br />

é constante, pois entre as raízes e os fragmentos de troncos se acumulou<br />

a turfa, aluvial e aspecto feltrado, tão rica em matéria vegetal como em<br />

lodo, que caracteriza tal espécie de terreno. Essa floresta pantanosa, com<br />

fragmentos de troncos ainda de pé no seio da turfa, foi destruída de ambos

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