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86 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

leque e cortadas em tiras; e uma porção de outras, todas com um porte e<br />

folhagem característicos. 49<br />

As montanhas que a estrada percorre, como todas, as das cercanias<br />

do Rio, têm uma forma toda particular; são escarpadas e cônicas e<br />

fazem pensar à primeira vista em sua origem vulcânica. São essas linhas<br />

abruptas que emprestam à cadeia que temos à vista tanta grandeza, pois<br />

que a altura média dos cumes não excede de 600 a 900 metros (2 a 3.000<br />

pés). Um exame mais atento de sua estrutura faz ver que tais formas selvagens<br />

e fantásticas resultam duma lenta decomposição da rocha e não foram<br />

produzidas por súbita convulsão. De fato, o caráter externo das rochas<br />

é aqui por tal forma diferente daquilo que se conhece no hemisfério<br />

norte que o geólogo europeu fica, a princípio, completamente desorientado<br />

diante delas e pensa que terá de recomeçar o estudo de toda a sua<br />

vida. É preciso um certo tempo para que ele descubra a chave dos fatos e<br />

os ache em harmonia com os seus conhecimentos. Até então, Agassiz se<br />

achava ele mesmo perplexo e muito embaraçado com o aspecto inteiramente<br />

novo de fenômenos que lhe são bastante familiares noutras regiões,<br />

mas que, nessas montanhas, o desconcertavam completamente. Tem<br />

diante de si, por exemplo, um rochedo, ou um cimo arredondado que<br />

49 Sua variedade é bem maior do que a dos nossos carvalhos e seria preciso fazer numa comparação<br />

muito extensa com a maior parte das árvores de nossas florestas para acharmos o equivalente<br />

das diferenças que as palmeiras apresentam entre si. Seus nomes indígenas, muito mais eufônicos<br />

que os nomes eruditos com que extravagantemente as vestiram em nossos livros, são tão<br />

familiares <strong>ao</strong>s indígenas como os de faias, bétulas, castanheiros, aveleiras, choupos, <strong>ao</strong>s camponeses<br />

do nosso país. Há nas palmeiras quatro formas essenciais: umas são altas, têm o tronco<br />

reto e teso, e são encimadas por folhas longas em forma de pena, ou largamente abertas em<br />

leque; outras são cerradas, ramalhudas, e suas folhas partem muito de baixo, em ramadas que<br />

escondem o caule; uma terceira categoria tem o caule pequeno, folhas pouco numerosas e<br />

bastante espessas; finalmente, há espécies trepadeiras, rasteiras, de caule delgado. As flores e os<br />

frutos não são menos variados. Alguns desses frutos podem se comparar a grossas nozes linhificadas,<br />

com uma massa carnosa dentro; outros têm um invólucro escamoso, outros ainda lembram<br />

pêssegos ou abricós; enfim, existem outros que têm a forma de ameixas ou de uvas. A maior<br />

parte é comestível e bem agradável <strong>ao</strong> paladar. É lamentável haver-se despojado essas árvores<br />

majestosas dos nomes harmoniosos que devem <strong>ao</strong>s índios, para as registrarem nos anais da<br />

ciência com os nomes obscuros de príncipes que só a adulação podia salvar do esquecimento.<br />

A Inajá tornou-se a Maximiliana; a Jará uma Leopoldina; a Pupunha uma Guilielma; a Paxiúba<br />

uma Iriartea; a Carana uma Mauritia. A mudança dos nomes indígenas para nomes gregos não<br />

foi mais feliz. Prefiro certamente Jacitara a Desmoncius; a Mucaja a Acrocomia; Bacaba a<br />

Cenocarpus; Tucuna a Astrocarium; Euterpe, mesmo, a despeito da Musa, me parece um<br />

progresso medíocre sobre Açaí (L. A.).

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