09.05.2013 Views

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

146 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

pitoresca, como a Bahia ou o Rio de Janeiro. A cidade tem uma fisionomia<br />

mais moderna; parece também mais cuidada e mais próspera. Muitas das ruas<br />

são espaçosas. O rio, que se atravessa em pontes elegantes, corre pela parte da<br />

cidade onde está concentrado o comércio e refresca-a. O campo é mais aberto e<br />

mais plano do que no Sul. Demos, esta tarde, um passeio demorado de carro<br />

para apreciar alguns pontos de vista; percorremos vastas campinas muito planas,<br />

e, se em lugar de palmeiras erguendo-se aqui e ali, tivéssemos encontrado olmos,<br />

teríamos tido diante dos olhos alguma coisa como a paisagem de Cambridge.<br />

Paraíba do Norte – Excursão <strong>ao</strong> litoral. 2 de agosto – Deixamos<br />

Pernambuco ontem, e achamo-nos esta manhã na foz do rio Paraíba<br />

do Norte. É um rio largo e magnífico que subimos até algumas milhas da<br />

cidade que lhe tira o nome. Aí se tem de tomar uma canoa e alcançar a cidade<br />

a remo. Uma vez em terra, passamos algumas horas a percorrer vários pontos,<br />

colecionando e examinando a formação geológica. Assim perambulando,<br />

encontramos uns amigos do Major Coutinho; levam-nos para a casa deles e<br />

improvisam um excelente almoço onde revimos não sem prazer o peixe<br />

fresco, o pão, o café, o vinho. O pão merece uma menção à parte, porque<br />

passa por ser o melhor do <strong>Brasil</strong>. A farinha neste lugar é a mesma de toda<br />

parte, mas os habitantes atribuem a superioridade do seu pão às qualidades<br />

da água. Seja como for, não há em todo o <strong>Brasil</strong> pão tão gostoso, tão leve,<br />

tão branco como o da Paraíba do Norte.<br />

Ceará – Um desembarque difícil. 5 de agosto – Estamos desde<br />

ontem no Ceará. Carinhosamente recebidos pelo Dr. Mendes, um velho conhecimento<br />

do major, recebemos a mais amável hospitalidade de sua parte.<br />

O vento e a chuva se mostraram furiosos quando descemos de<br />

bordo. A canoa que nos levava para a terra parou a algumas remadas da<br />

praia, sobre uns quebra-mares que tornam a sua aproximação difícil, e perguntei-me<br />

a mim mesmo como alcançaria a terra. Mas dois de nossos remadores,<br />

pretos, saltando n’água, vieram se colocar pegado à canoa, por trás<br />

de mim; juntaram os seus braços em forma de cesta, como se faz às vezes<br />

para carregar crianças, e convidaram-me a sentar. Seus modos indicavam<br />

bem que era aquela a forma comum de desembarque; sentei-me, portanto,<br />

e, com os braços passados em volta do pescoço de cada um dos pretos, que<br />

se riam tão boamente como eu, fui triunfalmente transportada para a praia.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!