09.05.2013 Views

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

Viagem ao Brasil - Logo Metasys

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

40 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

haverá sempre divergência entre as opiniões a respeito da posição atribuída a<br />

esses grupos enquanto a classificação continuar a ser alguma coisa de puramente<br />

arbitrário, sem outra base que a interpretação dos detalhes anatômicos.<br />

Um considera a estrutura dos insetos como mais perfeita e coloca-os em primeiro<br />

lugar; outro é de opinião que a organização dos crustáceos é superior e<br />

os põe na frente daqueles. Em ambos os casos, tudo depende da maneira<br />

individual de apreciar os fatos. Se se estuda, porém, em todos os seus graus, o<br />

desenvolvimento de um inseto, descobre-se que a princípio ele se parece com<br />

um verme, que depois, numa segunda fase, no estado de crisálida, se assemelha<br />

a um crustáceo e que só se reveste dos caracteres dum inseto perfeito<br />

depois do acabamento final. Tem-se portanto uma escala simples e natural<br />

pela qual pode se medir a categoria desses animais uns em relação <strong>ao</strong>s outros.<br />

A menos de supor um movimento retrógrado no desenvolvimento dos animais<br />

devemos acreditar que o inseto é superior, e que a nossa classificação é<br />

ditada, nesse ponto, pela própria natureza. Esse é um exemplo muito frisante.<br />

Há outros que não o são menos, porém menos vulgares. Assim, a rã, nas<br />

diferentes fases de sua existência faz conhecer a colocação que se deva dar às<br />

ordens que compõem a sua classe. Essas ordens são diferentemente graduadas<br />

pelos naturalistas conforme a apreciação que cada qual deles faz das formas de<br />

estrutura. Já, porém, o desenvolvimento da rã fornece, como o dos insetos, a<br />

verdadeira escala desse tipo. 19 Poucos grupos há em que tal comparação possa<br />

ser levada tão longe como nos insetos e na rã, mas, onde quer se faça um<br />

exame semelhante, este nos dá um critério infalível. Vários casos análogos<br />

considerados isoladamente e <strong>ao</strong> acaso, em muito contribuíram, para confirmar<br />

a teoria do desenvolvimento progressivo, hoje tão em voga sob forma<br />

um pouco rejuvenescida. Os que a sustentam observaram que há uma<br />

19 Ao copiar o diário em que essas notas foram conservadas, não quis sobrecarregar com minúcias<br />

anatômicas o seu texto. Acrescentarei, pois, aqui, para os que se interessam pelo assunto, que<br />

a rã é a princípio, no ovo, um simples corpo oblongo, sem apêndice, estreitando-se <strong>ao</strong>s poucos<br />

até a sua extremidade posterior; parece então uma Cecília. <strong>Logo</strong> depois, sob a forma de girino<br />

e quando a parte extrema se alonga em cauda, as brânquias se desenvolvem completamente e o<br />

corpo se mune de um par de patas imperfeitas, o animal semelha uma Sirene de membros<br />

rudimentares. Nos períodos seguintes provida de dois pares de patas e a cauda circundada por<br />

uma nadadeira, ela lembra um Proteu e um Monobrânquio. Por último, as brânquias desaparecem,<br />

a respiração se faz pelos pulmões mas a cauda ainda persiste e a forma geral é então a dos<br />

Menopomas e Salamandras. Enfim, a cauda diminui, depois desaparece, e a rã está completa.<br />

Essas fases dão o tipo da escala pela qual se deve determinar a posição relativa dos principais<br />

grupos da classe.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!