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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 45<br />

Belmonte ou Jequitinhonha. Os rios que descem dela são mais complexos;<br />

têm largos tributários e o curso superior deles costuma ser interrompido<br />

por quedas d’água, <strong>ao</strong> passo que o curso inferior apresenta apenas uma ligeira<br />

inclinação. Provavelmente, na porção inferior encontraremos peixes semelhantes<br />

<strong>ao</strong>s dos pequenos rios do litoral; na superior, pelo contrário,<br />

encontraremos faunas distintas.”<br />

A conferência terminou com algumas palavras sobre as excursões<br />

que conviria fazer nos arredores do Rio de Janeiro e por instruções práticas sobre<br />

o modo de colecionar, baseadas na experiência pessoal do professor. 23<br />

O Cruzeiro do Sul. 14 de abril – A noite de ontem foi a mais<br />

bela que tivemos depois da nossa partida de Cambridge. O céu esteve puro<br />

e transparente, velado apenas, no horizonte, por algumas massas brancas e<br />

vaporosas de que a lua prateava os contornos, suavemente. Lançamos um<br />

olhar de despedida, por alguns meses, para a Estrela do Norte e contemplamos<br />

pela primeira vez o Cruzeiro do Sul. Diante da realidade visível desapareceu<br />

a constelação mil vezes mais maravilhosa que existia na minha imaginação.<br />

Esvaneceu-se, e, com ela, sua auréola de ouro e claridade, minha<br />

23 O Rio de Janeiro é o ponto para que se tem dirigido, de preferência, a maior parte das<br />

expedições científicas, e, por isso mesmo, o naturalista encontra aí um interesse todo especial.<br />

À primeira vista poderia parecer que, franceses, ingleses, alemães, russos, americanos, tendo-se<br />

sucedido uns <strong>ao</strong>s outros nessa região, de um século a esta data, e todos eles colhidos uma rica<br />

messe de espécimes, o número de coisas novas deverá ter diminuído, e antes baixado que<br />

aumentado o interesse que essa província desperta. Dá-se justamente o contrário. Precisamente<br />

porque os espécimes descritos ou figurados na maioria das narrativas de viagens provêm do<br />

Rio de Janeiro e suas cercanias, torna-se indispensável que todo museu, que deseje ser completo<br />

e exato, possua exemplares originais dessas localidades, e possa assim verificar as descrições<br />

das espécies indicadas. Sem isso, as dúvidas, que acidentalmente apareceriam sobre a identidade<br />

absoluta ou as diferenças específicas dois exemplares provenientes da vertente ocidental do<br />

Atlântico – América do Sul, do Centro e do Norte – poderiam bem, numa dada ocasião, reduzir<br />

a nada os trabalhos de generalização que tiveram por objeto a distribuição dos animais nesse<br />

oceano. Nesse ponto de vista, a baía do Rio de Janeiro constitui um centro de comparação de<br />

primeira ordem, e é por isso que não hesitaremos em prolongar a nossa permanência nessa<br />

cidade. Eu sabia muito bem que as probabilidades de descobertas haviam sido muito reduzidas<br />

pelos trabalhos de nossos predecessores, mas pensei com razão que tudo o que aí recolhêssemos<br />

aumentaria o valor das nossas demais coleções. Fazia questão, também, de determinar até que<br />

ponto os animais marinhos que vivem próximos do litoral brasileiro, <strong>ao</strong> sul do Cabo Frio,<br />

diferem dos que vivem <strong>ao</strong> norte, do Cabo Frio até o Cabo São Roque, e, por outro lado, quais<br />

as diferenças que existem entre estes últimos e os da América setentrional ou do litoral das<br />

Antilhas. Terei ocasião de voltar <strong>ao</strong> assunto com mais minúcia nos capítulos seguintes. (L. A.)

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