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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 127<br />

ele chegou para almoçar. Fomos poucos à mesa: os caçadores já ocupavam<br />

seus postos à beira do lago.<br />

Grande caçada. O animal caçado foi uma anta (tapir) singular<br />

quadrúpede que abunda nas matas desta região e apresenta para o naturalista<br />

um interesse especial. Parece-se com efeito com certos mamíferos que não<br />

existem mais e que se conhecem tão-somente no estado fóssil, assim como<br />

os chamerops e os grandes fetos se assemelham <strong>ao</strong>s tipos vegetais de outrora.<br />

Agassiz que só a viu em cativeiro tinha o maior desejo de observá-la em<br />

toda a liberdade de seus movimentos, no meio dessa paisagem tropical tão<br />

característica quanto a própria anta das idades que precederam à nossa. Foi<br />

principalmente para lhe proporcionar tal prazer que o Sr. Laje havia organizado<br />

a caçada. Mas o homem põe e Deus dispõe! Como se verá dentro em<br />

pouco, estava escrito, que o tapir não se mostraria neste dia.<br />

A floresta, já o disse, é impenetrável <strong>ao</strong>s caçadores, exceto por<br />

onde foram abertas à faca estreitas passagens. É mister, pois, desentocar o<br />

animal lançando os cães sobre a mata, enquanto os atiradores ficam à espreita<br />

perto da saída. A anta escolhe as vizinhanças dos lagos e ribeirões. Quando<br />

se vê perseguida e acuada pelos cães, ela se decide a sair do mato e alcança<br />

a água. <strong>Logo</strong> que se lança nesta e se põe a nadar, atiram-lhe enquanto se<br />

esforça para atingir a margem oposta. Conversamos alegres em volta da<br />

mesa quando o grito: Anta! Anta! soou de repente. Num instante todos<br />

pegaram dos fuzis e correram para o lago, enquanto nós ficamos à espera,<br />

escutando os cães latirem com toda a força e esperando a cada instante ver o<br />

animal sair do mato e lançar-se n’água. Mas fora apenas um rebate falso, os<br />

latidos cessaram, afastando-se. O dia estando mais fresco que de costume, a<br />

anta virou as costas <strong>ao</strong> lago e, deixando que se cansassem os que a perseguiam,<br />

perdeu-se no mais fundo da mata. Os cães acabaram por voltar, fatigados e<br />

desanimados. Se o tapir se esquivara, nós, por nosso lado, havíamos visto o<br />

bastante para compreender o prazer que um caçador pode sentir em ficar<br />

assim à espreita, durante longas horas, com o risco de voltar para casa com<br />

as mãos vazias. Se não leva a caça, leva a emoção; a cada momento supõe<br />

que o animal vai passar, experimenta um momento de agitação aumentada<br />

ainda pelo barulho dos cães perseguindo a caça e os gritos de chamada dos<br />

companheiros, que se excitam e se animam com as suas próprias exclamações.<br />

Se o animal se refugia na mais escondida das moitas, todo som vai

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