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Viagem ao Brasil - Logo Metasys

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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 407<br />

melhor época é a que vai dos fins de junho a meados de novembro. Julho,<br />

agosto, setembro e outubro, nestas paragens, são os quatro meses mais secos<br />

e saudáveis.<br />

Má travessia. Tivemos uma rude e má travessia do Pará <strong>ao</strong><br />

Ceará. A chuva, incessante, não nos permitiu estar no passadiço, penetrando<br />

a água nos camarotes; era necessário puxar a água e secar o chão da sala de<br />

refeições. No Maranhão, pudemos ir a terra para termos uma noite de repouso.<br />

Agassiz e o major aproveitaram o descanso para ir examinar, no dia<br />

seguinte, de manhã, a geologia da costa, mais cuidadosamente do que haviam<br />

feito na nossa primeira passagem por ali. Certificaram-se de que a sua<br />

estrutura é idêntica à do vale amazônico, com exceção apenas de terem sido<br />

as formações aí mais revolvidas e desnudadas.<br />

Chegada à cidade do Ceará. Dificuldade do desembarque.<br />

Chegamos <strong>ao</strong> porto do Ceará, sábado, 31 de março, às duas horas, e contávamos<br />

desembarcar imediatamente. O mar, porém, estava muito forte, a<br />

maré contrária e, durante todo o decorrer do dia, nenhuma jangada – essa<br />

singular embarcação que faz as vezes de canoa – se aventurou a chegar perto<br />

do nosso navio sacudido pela ressaca. Ceará não tem cais de desembarque e<br />

o mar se quebra violentamente de encontro à areia da praia que se estende<br />

em frente da cidade. Essa circunstância torna a atracação impossível para as<br />

embarcações durante o mau tempo ou durante certas fases da maré. Somente<br />

as jangadas (catamarãs) podem arrostar as ondas que sobre elas passam<br />

sem afundá-las. Às nove horas da noite, encostou <strong>ao</strong> nosso navio uma<br />

embarcação da alfândega, e, apesar da hora adiantada e o mar forte, resolvemos<br />

desembarcar, pois nos asseguraram que na manhã seguinte a maré nos<br />

seria desfavorável e que, se o vento continuasse, seria difícil, senão mesmo<br />

impossível, ir a terra. Não foi sem ansiedade, que já embaixo da escada,<br />

aguardei a minha vez para pular para a canoa. A onda, crescendo, levantavaa<br />

até o nível da escada, e, num instante, arrastava-a até vários metros de<br />

distância. Era necessário muito sangue-frio e agilidade para saltar no momento<br />

oportuno, e não foi sem grande sensação de alívio que me vi na<br />

embarcação e não no fundo do mar, sendo iguais as probabilidades para um<br />

e outro caso. Quando nos dirigimos para o quebra-mar, os remadores começaram<br />

a contar coisas lúgubres sobre a dificuldade do desembarque e os<br />

freqüentes acidentes que causa; disseram-nos, entre outras, que, poucos dias

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