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278 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

que se escolhesse um domingo para uma festa desse gênero, mas aqui, como<br />

na maior parte da Europa continental, mesmo em país protestante, o domingo<br />

é um dia de regozijo consagrado <strong>ao</strong>s prazeres.<br />

A cadeia de Manaus. Regímen penitenciário no Amazonas.<br />

27 de novembro – Fiz ontem à tarde uma visita à cadeia da cidade. A senhora<br />

do chefe de polícia me havia convidado para ver os objetos esculpidos em<br />

madeira e de palha trançada que os presos fabricavam. Contava ver um<br />

espetáculo triste e doloroso, porquanto, sendo tudo aqui bastante atrasado,<br />

esse atraso se haveria de refletir sobre o caráter de tais instituições; mas eu<br />

não contara com o clima destas quentes paragens que, de certo modo, regula<br />

o regime penitenciário. Não se poderia aqui enclausurar um homem<br />

dentro duma célula escura sem comprometer a vida do indivíduo, e também<br />

o estado sanitário geral. A prisão, portanto é clara e arejada, com portas<br />

altas e grandes janelas apenas fechadas com grades. Devo acreditar, por uma<br />

passagem a respeito das casas de detenção da província inserta num dos<br />

interessantes Relatórios do presidente Adolfo de Barros (1864), que, a partir<br />

do ano passado, grandes melhoramentos foram introduzidos pelo menos<br />

na cadeia de Manaus. Dizia essa autoridade: “O estado das prisões excede<br />

a tudo o que de pior se possa dizer. Não somente é exato que em toda a<br />

província não se encontra uma única casa de detenção que preencha as condições<br />

exigidas em lei, como não existe, salvo na capital, um só desses estabelecimentos<br />

que se possa chamar de prisão. Mesmo a de Manaus, longe de<br />

possuir as acomodações necessárias, contém um número desproporcionado<br />

de detentos de todas as categorias, misturados sem a menor distinção. Sem<br />

falar dos graves inconvenientes resultantes dessa mistura, é sem dúvida por<br />

uma graça especial da Providência que esse estabelecimento não se haja convertido<br />

ainda num foco epidêmico, durante o calor insuportável da maior<br />

parte do ano. Em quatro pequenas saletas insuficientemente iluminadas e<br />

ventiladas, estão reunidos quarenta prisioneiros de diversas categorias, inclusive<br />

doentes, sem ar, sem asseio, quase sem espaço para se moverem<br />

numa atmosfera confinada, úmida e abafante. Contra todas as prescrições<br />

da lei e da humanidade, esses infelizes sofrem bem mais do que o simples e<br />

salutar rigor do castigo.” Essas reprovações provocaram certamente uma<br />

grande reforma, pois o triste estabelecimento não parece agora sofrer falta<br />

nem de ar nem de luz, e os doentes contam com uma enfermaria. Alguns

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