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Viagem ao Brasil - Logo Metasys

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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 215<br />

está situada num terreno descampado, que desce para o lago. Só tem construções<br />

à direita e à esquerda, e, portanto, da frente de casa temos uma vista<br />

admirável da praia e do rio até a margem oposta. A outra face dá para um<br />

pomar não cercado onde algumas laranjeiras dão sombra a um tanque com<br />

tartarugas, viveiros apropriados para conter espécimens vivos. No jardim de<br />

todas as casas se encontra um desses tanques, e sempre bem provido, pois a<br />

carne de tartaruga constitui a base essencial da alimentação dos habitantes; a<br />

alimentação pública depende desse animal. O interior da nossa casa é muito<br />

cômodo. À direita do corredor atijolado há uma grande sala, transformada já<br />

em laboratório. Nela se amontoam vasos, caixotes, barricas, à espera dos<br />

espécimens; do teto pende uma prateleira destinada a colocar as aves e os<br />

insetos fora do alcance das formigas; a um canto, a mesa do desenhista; noutro,<br />

um imenso caixote, vazio e virado de lado, serve de mesa para esvaziar e<br />

preparar as aves, servindo o espaço vazio de baixo como armário para guardar<br />

instrumentos e material. Depois de uma curta aprendizagem, o viajante fica<br />

sabendo como improvisar depressa todo o mobiliário necessário <strong>ao</strong> seu trabalho<br />

e dispensar quase tudo o que, em sua casa, reputava dispensável. Em<br />

frente do laboratório e do outro lado do corredor, abre-se uma peça das mesmas<br />

dimensões onde os homens armavam suas redes. No fundo está o meu<br />

quarto, de cuja janela posso ver, no pomar, balançar-se a elegante açaí e abrirem-se<br />

as flores das laranjeiras. Bem <strong>ao</strong> lado fica a sala de jantar comunicando<br />

com uma ampla seleta por onde se sai. Transformou-se essa saleta em depósito,<br />

e nela se guarda o álcool, mas, presentemente é antes que tudo uma prisão onde<br />

dois crocodilos aguardam a hora da execução. A notícia da nossa chegada já se<br />

espalhou na vizinhança, e os pescadores e seus filhos trazem exemplares de toda<br />

espécie: crocodilos, tartarugas, aves, peixes, insetos. Uma afluência como essa<br />

basta para mostrar que rica colheita se pode esperar fazer, aqui e nas redondezas.<br />

Grande pescaria. 28 de setembro – Ontem, entre o pôr-do-sol<br />

e o nascer da lua, a convite do nosso vizinho Dr. Romualdo tomamos parte,<br />

juntamente com o seu amigo João da Cunha numa pescaria em um dos<br />

lindos igarapés que desembocam no lago. À proporção que caminhamos no<br />

pequeno canal, os crocodilos preguiçosos, deitados sob o espelho ainda iluminado<br />

das águas, esticavam a cabeça um pouco para fora; aves inúmeras de<br />

toda espécie pousadas por sobre as nossas cabeças atiravam-se n’água fugindo<br />

dos seus pousos, que nós perturbávamos; só uma grande garça cinzenta ficou<br />

imóvel na margem como que em contemplação diante de sua imagem tão

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