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222 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

nascer por cima das pequeninas casas que estão a nossos pés, o lago pitorescamente<br />

recortado de pequenos canais que se prolongam <strong>ao</strong> longe, e, nos últimos<br />

planos, o fundo das grandes florestas da margem oposta. Do nosso posto<br />

de observação sai um estreito caminho que se estende por entre as moitas e<br />

conduz a uma magnífica mata, espessa e sombria. Aí pode a gente vagar <strong>ao</strong> léu<br />

do seu capricho, porque há como que um dédalo de pequenas trilhas abertas<br />

pelos índios através das árvores. E como não se deixar tentar pelo sombrio<br />

frescor, pelo cheiro dos musgos e das filicíneas, pelo perfume das flores? A<br />

mata é cheia de vida e de ruídos; o zumbido dos insetos, os sons estrídulos<br />

dos gafanhotos, o grito dos papagaios, as vozes inquietas dos macacos, tudo<br />

isso faz a floresta falar. Estes últimos animais devem ser de muito difícil aproximação,<br />

pois eu os ouço freqüentemente e ainda não os pude avistar; entretanto,<br />

o Sr. Hunnewell me contou que outro dia, quando estava caçando<br />

nessa mesma floresta de que estou falando, deu com uma família cujos membros,<br />

brancos e de pequeno porte, sentados num ramo de árvore, conversavam<br />

com grande animação. Um dos caminhos mais bonitos, que se me tornou<br />

familiar em meus passeios quotidianos, vai ter, do outro lado de um<br />

igárapé, a uma casa ou antes a um telheiro coberto de folhas de palmeiras,<br />

situado em plena floresta e onde se prepara mandioca.<br />

Forno de mandioca dentro da floresta. Embaixo deste telheiro<br />

existem quatro grandes fornos de barro em que se vêem grandes bacias<br />

empilhadas até em cima, amassadeiras, peneiras e todos os apetrechos necessários<br />

para as diferentes manipulações da preciosa raiz. Um desses apetrechos<br />

é característico: é um grande casco de tartaruga, como as que se podem<br />

ver em todas as cozinhas, onde fazem as vezes dos vasos, tigelas, etc. Suponho<br />

que essa pequena instalação serve a um certo número de famílias, pois<br />

não há manhã em que eu não encontre com grupos de índios dirigindo-se<br />

para aí; as mulheres levam às costas essas cestas fundas, muito semelhantes<br />

às alcofas dos suíços, presas à cabeça por uma tira de palha, <strong>ao</strong> mesmo<br />

tempo que carregam os seus filhinhos enganchados nos quadris, para que<br />

possam ter as suas mãos sempre livres. Costumam me saudar cordialmente<br />

e parar para ver as plantas e as flores que habitualmente trago comigo. Quaisquer<br />

dessas mulheres são bem bonitas; mas, em geral, os índios desta parte<br />

da província parece não gozarem de muita saúde e serem predispostos às<br />

doenças dos olhos e às afecções da pele. É curioso notar que os naturais são<br />

mais sujeitos que os estrangeiros às moléstias do país; a febre intermitente

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