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466 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

Considero, pois, como prejudiciais <strong>ao</strong>s seus mais sérios interesses todos os<br />

favores excepcionais concedidos pelo governo brasileiro a companhias particulares.<br />

Há também um outro obstáculo imediato para o progresso da<br />

região e que importa fazer desaparecer o mais breve possível, tanto mais que<br />

não compete <strong>ao</strong> Império, os encargos da transformação necessária.<br />

Subdivisões territoriais do vale do Amazonas. A delimitação<br />

atual das províncias do Pará e do Amazonas é inteiramente contrária à natureza.<br />

Todo o vale está dividido transversalmente em duas partes, de modo<br />

que a metade inferior se opõe fatalmente <strong>ao</strong> livre desenvolvimento da metade<br />

superior; Pará tornou-se o centro de todas as atividades e drena, por<br />

assim dizer, toda a região sem vivificar o interior: o grande rio, que devia ser<br />

uma grande estrada interprovincial, tornou-se um curso d’água local, poder-se-ia<br />

dizer. Suponhamos por um momento que o Amazonas, <strong>ao</strong> contrário,<br />

como o Mississípi, se tornasse o limite entre uma série sucessiva de<br />

províncias autônomas situadas em cada qual de suas margens; suponhamos<br />

que, na vertente meridional, tivéssemos a província de Tefé, indo da fronteira<br />

do Peru <strong>ao</strong> Madeira; deste rio <strong>ao</strong> Xingu, a província de Santarém; e que<br />

a província do Pará se reduzisse <strong>ao</strong> território compreendido entre o Xingu e<br />

o mar, acrescentando-se-lhe a ilha de Marajó; sendo cada qual dessas divisões<br />

<strong>ao</strong> mesmo tempo limitada e atravessada por grandes cursos d’água, a<br />

toda a região estaria assegurada uma dupla atividade pela concorrência e<br />

emulação nascidas de interesses distintos. Da mesma forma, seria mister<br />

que os territórios situados <strong>ao</strong> norte também fossem divididos em várias<br />

províncias independentes, a de Monte Alegre, por exemplo, indo do oceano<br />

até o rio Trombetas, a de Manaus entre o Trombetas e o Negro, e talvez<br />

a de Japurá compreendendo toda a região selvagem situada entre os rios<br />

Negro e Solimões. Não se deixará de objetar que tal transformação acarretaria<br />

a criação de um estado-maior administrativo absolutamente desproporcionado<br />

<strong>ao</strong> efetivo da população atual. Mas o governo dessas províncias,<br />

pelo número reduzido de habitantes que teriam, poderia ser organizado<br />

como o dos territórios que, nos Estados Unidos, são o embrião dos estados;<br />

estimularia as energias locais e desenvolveria os seus recursos, sem estorvar a<br />

ação do governo central. Aliás quem quer que haja estudado o funcionamento<br />

do atual sistema do vale do Amazonas, ficará convencido de que,<br />

longe de progredirem, todas as cidades fundadas de um século para cá <strong>ao</strong>

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