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32 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

bita o Danúbio e o Reno, mas não se encontra no Ródano. O Aspro<br />

asper freqüenta o Danúbio e o Ródano, mas não o Reno; o sandre<br />

(Lucioperca sandra) vive nas águas do Danúbio e dos outros rios da Europa<br />

oriental, mas nunca é encontrado nas do Ródano ou do Reno. A<br />

perca comum, pelo contrário, Perca fluviatilis, abunda no Ródano e no<br />

Reno e não existe no Danúbio, que, entretanto, possui uma outra espécie<br />

de perca verdadeira já descrita por Schoeffer sob o nome de Perca<br />

vulgaris. Pelo contrário, o lúcio (Esox lucius) é comum <strong>ao</strong>s três rios,<br />

especialmente no seu curso inferior, bem assim como a lota (Lota vulgaris).<br />

A distribuição da família das carpas forneceria outros exemplos importantes,<br />

mas são por demais numerosos e muito pouco familiares para<br />

servirem a esta minha demonstração.<br />

“Temos assim exemplos muito notáveis do que denominarei o<br />

caráter arbitrário da distribuição geográfica. São fatos que nenhuma teoria<br />

de dispersão acidental saberia explicar, porque os pequenos riachos que descem<br />

das montanhas e dão origem <strong>ao</strong>s grandes rios, não têm entre si qualquer<br />

comunicação. Nenhuma circunstância local pode, outrossim, dar conta<br />

da presença simultânea de determinadas espécies nas três bacias, porquanto<br />

outras só existem em uma delas. Nada também pode fazer compreender<br />

por que razão as que vivem nos afluentes superiores, ou na parte alta do rio,<br />

não se encontram mais no curso inferior, quando a descida parece ser <strong>ao</strong><br />

mesmo tempo tão fácil e natural. Na falta duma explicação satisfatória,<br />

somos levados a supor que a repartição dos animais segue uma lei primordial<br />

tão definida, tão precisa, como quaisquer outras que regem todas as coisas<br />

no sistema do universo.<br />

“Eis o que é preciso estudarmos e, por isso, é desejável que a<br />

nossa expedição se divida. Poderemos assim explorar uma área maior e comparar<br />

um maior número de bacias brasileiras. Procederemos da mesma forma<br />

para com as outras classes de Vertebrados, para com os Moluscos, os<br />

Articulados e Radiados. Nenhum dentre nós é especialista em botânica;<br />

contentar-nos-emos, portanto, em fazer uma coleção metódica das famílias<br />

mais características, as palmeiras, por exemplo, e os fetos arborescentes.<br />

Mas essa coleção conterá também os caules dessas plantas e poderá nos<br />

servir para determinar a identidade das madeiras fósseis. Conhece-se, aliás,<br />

muito melhor a distribuição geográfica dos vegetais que dos animais; não<br />

há quase nada por fazer nesse sentido.”

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