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416 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

ano, transporta as pedras da serra para o fundo dos vales, encontra animais<br />

nas entranhas da terra e reconstitui os seus esqueletos. – Ah! responde o<br />

cura, é um grande santo realmente, é o que convém para a minha igreja.<br />

Deixe-me ver o rosto”. O lenço caiu e o santo necessariamente pagou a<br />

multa...<br />

Ontem, depois do almoço, deixamos esses amáveis amigos e<br />

fomos, uma légua mais para o interior, à aldeia de Pacatuba, situada pitorescamente<br />

no sopé da serra de Aratanha. Aí, tivemos a sorte de encontrar um<br />

“sobrado” (casa de dois andares) desocupado, onde nos alojamos para os<br />

dois ou três dias que contamos passar aqui ou nas redondezas. Mandamo-lo<br />

varrer, penduramos nossas redes nos quartos vazios que, afora um canapé de<br />

junco e umas cadeiras, não contém mobília alguma; mas se o interior da<br />

casa não nos proporciona o menor conforto, temos em compensação admiráveis<br />

pontos de vista das janelas.<br />

Indícios de antigas geleiras. Serra de Aratanha. 7 de abril –<br />

Pacatuba – Ficou resolvido que a exploração se limitaria às serras junto às<br />

quais nos achamos; toda gente nos diz que, no estado em que estão os<br />

caminhos, seria impossível ir a Baturité e voltar no curto prazo de tempo de<br />

que dispomos.<br />

Agassiz não ficou desapontado com esse contratempo: uma<br />

viagem mais longa, diz ele, só poderia lhe proporcionar o fenômeno glaciário<br />

em maior escala; desde já ele o tem diante dos olhos claramente reconhecível.<br />

Nesta serra de Aratanha, junto à qual paramos, os fenômenos glaciários<br />

são tão facilmente observáveis como em não importa que vale do Maine ou<br />

nas montanhas do Cumberland, na Inglaterra. Existiu evidentemente uma<br />

geleira local, formada pela reunião de duas ramificações que desciam das duas<br />

depressões situadas à direita e à esquerda da parte superior da serra e se juntavam<br />

embaixo, no fundo do vale. Grande parte da morena mediana formada<br />

pela reunião dessas duas ramificações pode ser observada ainda no centro da<br />

planície. Uma das morenas laterais se acha perfeitamente conservada; a estrada<br />

que se dirige para a aldeia atravessa-a e a própria aldeia está construída no<br />

interior da morena terminal que, em face dela, se limita em forma de crescente.<br />

Dá-se o curioso fato de se encontrar uma deliciosa bacia rodeada de laranjeiras<br />

e palmeiras no centro da morena mediana, ocupada por um pequeno<br />

curso d’água, que abre passagem entre o amontoado de rochas e de blocos.

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