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170 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

seis espécies de ‘peixes-do-mato’ e quarenta e seis de ‘peixes-do-rio’. Faltamnos,<br />

no mínimo, ainda cinqüenta e duas de Tajapuru, mesmo se supondo<br />

que essa localidade possua também as cinco espécies de Breves. Vê, pois, o<br />

Sr. que deixamos muito que fazer ainda <strong>ao</strong>s nossos sucessores.<br />

Por hoje adeus, seu afeiçoadíssimo<br />

L. Agassiz.”<br />

Os índios daqui são muito destros em matéria de pescaria, e,<br />

em lugar de ir colecionar, Agassiz, mal chega a um lugar qualquer, contrata<br />

alguns pescadores e fica a bordo superintendendo os desenhos e a preparação<br />

dos exemplares à medida que vão chegando. 96<br />

96 A oportunidade de colher esses peixes no seu ambiente natural, e conservá-los vivos, por horas ou<br />

por dias, em nossos recipientes de vidro, foi muito instrutiva e sugeriu comparações que antes não<br />

havíamos imaginado. As nossas instalações estavam muito bem preparadas, e como o comandante<br />

consentira que eu enchesse o tombadilho com toda a sorte de aparelhagem científica, eu dispunha<br />

de grande número de bocais largos de vidro e tinas de madeira para guardar os exemplares que<br />

desejava estudar com mais cuidado e de que desejava possuir desenhos <strong>ao</strong> vivo. Uma das principais<br />

modificações feitas por J. Müller, na classificação dos peixes providos de espinhas, foi a<br />

separação em ordem distinta, sob o nome de Faringognatas, de todos os peixes que têm os ossos<br />

faringianos soldados. O ilustre anatomista alemão reuniu a estes um certo número de tipos<br />

ligeiramente raiados, que estavam anteriormente unidos <strong>ao</strong>s lúcios e arenques caracterizados pela<br />

mesma estrutura. Parecia, assim, haver visto um caráter anatômico definido e facilmente<br />

determinável, com auxílio do qual numerosos peixes poderiam ser corretamente classificados.<br />

Mas surgiu uma questão: são tais peixes realmente relacionados uns com os outros, e tão bem<br />

agrupados nessa nova ordem de Faringognatas que nela se possam incluir todos aqueles que lhe<br />

pertençam propriamente e somente estes? Penso que não. Suponho que Müller haja atribuído<br />

sempre um excessivo valor <strong>ao</strong>s caracteres anatômicos isolados; e, sendo embora um dos maiores<br />

anatomistas e fisiologistas de nossa época, faltava-lhe o tato zoológico. Isso se evidencia principalmente<br />

para com a ordem dos Faringognatas, pois embora os Escomberesocios tenham ossos<br />

faringianos fixos como os Cronídios, Pomacentrídios, Labróides, Holconotes e Gerrídios, não<br />

têm reais afinidades com estes. Também o caráter indicado para essa ordem não é constante,<br />

mesmo nos Faringognatas típicos. Encontrei Cromídios e Gerrídios com faringianos móveis; no<br />

gênero Cychla são normalmente assim. Não é, portanto, fora de propósito estabelecer aqui que os<br />

Cromídios da América do Sul são na realidade estreitamente relacionados com um grupo de<br />

peixes encontrados comumente nos Estados Unidos, conhecidos por Pomotis, Bryttus, Centrarchus,<br />

etc. e usualmente referidos à família das Percas, da qual todavia foram separados pelo Dr. Holbrook<br />

sob a denominação de Helietióides. Estes não só compreendem os Cromídios em suas formas<br />

como em seus hábitos, modo de reprodução, movimentos peculiares e mesmo coloração. Cuvier<br />

já mostrara que Enoplosus não faz parte da família de Quetodontes e posso agora acrescentar que<br />

é próximo parente dos Cromídios e constituirá pelo lado de Pterophyllum um sistema natural,<br />

Monocirrus de Heckel, que eu considero o tipo de uma pequena família sob a denominação de<br />

Folhidae, está também estreitamente ligado a estes, se bem que dotados de um barbilhão e podem<br />

ser colocados com Polycentrus <strong>ao</strong> lado dos Cromídios e Helictibóides. O modo de locomoção de<br />

Pterophyllum é inteiramente peculiar. A parte frontal da cabeça e superior do corpo se acham<br />

distendidas num mesmo nível, paralelamente à superfície d’água, enquanto que as longas nadadeiras<br />

ventrais e a alta nadadeira anal pendem verticalmente embaixo do corpo, e o peixe avança<br />

lentamente n’água com os movimentos laterais da cauda. (L. A.)

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