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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 253<br />

Visitantes índios. Enquanto jantávamos, começaram a chegar<br />

os índios das florestas próximas para apresentar suas homenagens <strong>ao</strong> presidente.<br />

A sua visita deu ocasião a grandes regozijos, e houve, nessa mesma tarde,<br />

um baile em sua honra. Os índios lhe trouxeram de presente uma porção de<br />

caças. Que profusão de cores vivas! não era uma fieira de aves, mas um esplêndido<br />

buquê. Era composto inteiramente de tucanos, de bico amarelo e encarnado,<br />

olhos azuis, peito de fina penugem de puro carmezim, e papagaios de<br />

vivas cores: verde, cinzento, azul, púrpura e vermelhão. Terminada a refeição,<br />

fomos tomar café fora da mesa, e os nossos lugares foram tomados pelos<br />

convidados índios que, por sua vez, se sentaram para jantar. Dava gosto se ver<br />

com que perfeita cortesia a maioria dos brasileiros da nossa condição social<br />

serviam em pessoa a essas senhoras índias, passavam-lhe os pratos, ofereciamlhe<br />

vinhos, tratando-os com a mesma delicada atenção que teriam para com<br />

as mais altas damas da terra. As pobres mulheres se sentiam esquerdas e<br />

embaraçadas; apenas ousavam tocar nas lindas coisas colocadas diante delas.<br />

Enfim, um dos cavaleiros serventes, que muito tempo viveu entre os índios e<br />

conhecia os seus costumes, tomou das mãos de uma delas o garfo e a faca e<br />

exclamou: “Nada de cerimônias! Fora o acanhamento! comam com as mãos,<br />

como estão acostumadas e encontrarão, com o apetite, os prazeres da mesa!”<br />

Este discurso foi muito apreciado; as damas se puseram logo à vontade e<br />

fizeram honra <strong>ao</strong>s pratos. Os índios que vivem na vizinhança das cidades<br />

conhecem os usos da civilização e sabem muito bem o que é um talher, mas<br />

nenhum deles, podendo, gosta de usá-lo.<br />

Baile. Terminado o jantar, tiraram-se as mesas e se varreu o<br />

terraço; a orquestra composta dum violão, duma flauta e dum violino se<br />

instalou, e abriu-se o baile. As “belas da floresta” sentiram a princípio um<br />

certo embaraço sentindo os olhares sobre elas dos estrangeiros, mas não<br />

tardaram em se decidir e as danças se animaram. Todas estavam vestidas de<br />

branco – saia de chitão e musselina, corpete folgado de algodão, guarnecido<br />

em volta do colo com uma espécie de renda, que elas próprias fabricam<br />

puxando os fios da cambraia ou da musselina de maneira a formar uma<br />

variedade de renda na qual os fios restantes são tomados pela agulha e presos<br />

uns <strong>ao</strong>s outros. Algumas dessas rendas são muito finas e delicadas. A maior<br />

parte das dançarinas estava penteada com um galho de jasmim branco ou<br />

com rosas pretas <strong>ao</strong> cabelo, e algumas traziam colares e brincos de ouro.

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