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180 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

Cenas pastoris nas margens do rio. Entre Santarém e<br />

Óbidos, <strong>ao</strong>nde chegaremos esta tarde, as margens do rio parecem mais<br />

povoadas que nas regiões que atravessamos primeiro. Tocamos quase nas<br />

margens e vemos passar diante dos nossos olhos, como numa evocação<br />

das idades primitivas, os costumes da vida pastoril. Grupos de índios,<br />

homens, mulheres e crianças, nos saúdam das margens, acocorados embaixo<br />

da abóbada das grandes árvores plantadas ou escolhidas para servir<br />

de coberta <strong>ao</strong>s desembarcadouros. É este, com as “montarias” amarradas<br />

junto às praias, o primeiro plano invariável de todas as nossas paisagens.<br />

Às vezes uma ou duas redes estão suspensas às árvores cujos ramos deixam<br />

distinguir o teto de palha e as paredes da pequenina choça ou cabana.<br />

Talvez, se as víssemos de mais perto, essas cenas tão encantadoras da vida<br />

pastoril se nos mostrassem sob um aspeto mais grosseiro e prosaico; mas<br />

para que insistir? A Arcádia, ela mesma, provavelmente não teria resistido<br />

a um exame de muito perto, e duvido que tivesse podido apresentar um<br />

aspeto tão sedutor como o dessas pequeninas habitações de índios das<br />

margens do Amazonas. A floresta primitiva que rodeia essas moradias é<br />

quase sempre cheia de clareiras. Estas estão no meio de pequenas plantações<br />

de cacau e mandioca – planta cuja raiz fornece <strong>ao</strong> índio a sua farinha<br />

– e às vezes também de seringueiras (árvore da borracha). Esta última,<br />

porem, só muito raramente é que é cultivada; cresce em estado nativo na<br />

floresta. O cacau e a borracha são expedidos para o Pará em troca das<br />

mercadorias necessárias a essa pobre gente.<br />

Passamos, o dia inteiro, tão perto das margens que foi fácil observar,<br />

da coberta do navio, a constituição geológica do terreno. Desde Santarém,<br />

e até uma distância considerável, observamos barrancas de drift assentando sobre<br />

o arenito. Tem sempre a mesma cor avermelhada, a mesma massa e a mesma<br />

consistência argilosa, e o arenito não parece diferir do de Monte Alegre.<br />

Vila Bela. 27 de agosto – Parada de algumas horas, ontem à<br />

tarde, em Óbidos para receber lenha. Ninguém desce em terra. Embarcada<br />

a lenha, dirigimo-nos diretamente a Vila Bela, situada na outra margem do<br />

rio, na foz do Tupinambaranas. Somos aí cordialmente recebidos pelo Dr.<br />

Marcos, um dos antigos correspondentes de Agassiz, que enviou várias vezes<br />

exemplares da fauna amazônica para o Museu de Cambridge. Hoje, à<br />

tarde, iremos fazer uma excursão de canoa por alguns dos lagos próximos.

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