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48 Luís Agassiz e Elizabeth Cary Agassiz<br />

estendem no hemisfério ocidental desde o extremo norte até o Texas, <strong>ao</strong> sul<br />

do qual são representadas pelos cromídios. Nesse caso, a transição duma<br />

estrutura para outra parece tão fácil como a transição geográfica. Mas vejamos<br />

como as coisas se passam no hemisfério oriental. As percas abundam<br />

na Ásia, na Europa, na Austrália; os cromídios faltam aí em absoluto. Como<br />

se pode dar que as percas hajam produzido cromídios em tão grande abundância<br />

na América, quando para todos os outros continentes, exceção feita<br />

da África, são nesse particular absolutamente estéreis? Inverterei a proposição?<br />

Devo supor que as percas provenham dos cromídios? Por que razão os<br />

seus antepassados desapareceram completamente da porção asiática do globo,<br />

<strong>ao</strong> passo que não parecem haver diminuído do lado de cá? Que se façam<br />

descender as percas e os cromídios dum tipo comum desaparecido, tenho a<br />

dizer que a paleontologia nada sabe dessas pretensas formas ancestrais.<br />

“Vejamos agora os peixes brancos; na nomenclatura científica,<br />

os Ciprinóides. Esses peixes, que chamamos “moleiro”, “bremas”, “caboses”,<br />

“carpas”, etc. pululam nas águas doces do hemisfério norte. São também<br />

muito numerosos na parte oriental do hemisfério sul <strong>ao</strong> passo que não há<br />

um só na América meridional. Da mesma forma que os goniodontes parecem<br />

dever caracterizar a porção ocidental do hemisfério austral, esse outro<br />

grupo parece dever caraterizar a sua porção oriental. Mas se os Ciprinóides<br />

faltam na América do Sul, existem, nessa região, outros peixes de estrutura<br />

semelhante que se denominam Ciprinodontes. São muito pequeninos; os<br />

nossos “cairões” pertencem <strong>ao</strong> seu grupo; do Maine <strong>ao</strong> Texas, são encontrados<br />

<strong>ao</strong> longo de todo o litoral, nos pequenos rios e riachos. Por isso espero<br />

encontrá-los em quantidade nos cursos d’água pouco extensos do litoral<br />

brasileiro. Lembro-me ter descoberto, nas imediações de Mobile, nada menos<br />

de seis espécies novas num único passeio. São quase todos vivíparos, ou<br />

então só põem ovos quando o desenvolvimento da gema está muito adiantado.<br />

Os sexos apresentam, aparentemente, diferenças tão profundas que<br />

foram algumas vezes descritos como espécies distintas, e mesmo como gêneros<br />

à parte, 24 e bem faríamos em nos pôr em guarda contra semelhante<br />

erro. Eis, portanto, dois grupos, os ciprinóides e os ciprinodontes, com<br />

estrutura tão semelhante que a idéia duma filiação entre eles se apresenta<br />

naturalmente <strong>ao</strong> espírito. Mas na América do Sul não há um ciprinóide, <strong>ao</strong><br />

24 Molinesia e Cecília.

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