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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 167<br />

marginar essas florestas, de aspeto tão novo para mim, olhar através de sua<br />

sombria profundeza, ou por uma clareira onde apenas se erguem aqui e ali<br />

algumas palmeiras ou, num relance, surpreender as gentes que vivem nessas<br />

povoações isoladas, constituídas por uma ou duas choças situadas nas margens.<br />

Conservamo-nos hoje tão perto das margens, que quase pudemos contar as<br />

folhas das árvores, e tivemos excelente oportunidade para estudar as várias espécies<br />

de palmeiras. A princípio a mais freqüente era a Açaí, porém agora se confunde<br />

no número das outras. A Miriti (Mauritia) é uma das mais belas, com<br />

seus cachos pendentes de frutos avermelhados e suas enormes folhas abertas, em<br />

forma de leque, cortadas em fitas, cada uma das quais, na opinião de Wallace,<br />

constituindo a carga de um homem. A Jupati (Rhaphia), com suas folhas em<br />

forma de plumas, às vezes de 40 a 50 pés de comprimento, parece, por causa do<br />

seu caule curto, brotar quase do solo. O seu porte, semelhando uma jarra, é<br />

particularmente gracioso e simétrico. A Buçu (Manicaria), com folhas rígidas e<br />

inteiriças, de 30 pés de comprimento, mais erectas e fechadas no seu modo de<br />

crescimento, e serrilhadas nos bordos. O caule dessa palmeira é relativamente<br />

curto. As margens desse trecho do rio são geralmente ornadas por duas espécies<br />

vegetais, formando algumas vezes uma como que muralha <strong>ao</strong> longo da praia;<br />

por exemplo, a Aninga (Arum), com suas folhas largas, cordiformes, em cima<br />

de grandes caules, e a Murici mais baixa, justamente à beira d’água.<br />

Saímos do canal chamado rio Atúria e entramos num outro de<br />

aspecto semelhante, o rio Tajapuru; no correr do dia devemos chegar <strong>ao</strong><br />

pequeno povoado desse nome, que será o nosso segundo ponto de parada.<br />

22 de agosto – Ontem, passamos o dia todo no povoado acima<br />

referido. Ele é apenas constituído pela casa de um negociante brasileiro, 95<br />

que aqui reside em companhia de sua família, só tendo como vizinhos os<br />

índios moradores numas choças da floresta mais próxima. Causa admiração,<br />

à primeira vista, que alguém se isole assim nessa solidão. Mas o comércio<br />

da borracha é aqui vantajosíssimo. Os índios retalham as árvores para<br />

extrair-lhes a seiva como nós o fazemos com as nossas “maples” fornecedoras<br />

de açúcar, e trocam o produto delas por vários artigos do nosso uso<br />

doméstico. O dia que passamos em Tajapuru foi muito bem-sucedido, sob<br />

95 Senhor Sapeda, cavalheiro obsequioso e cortês, a quem devemos então e mais tarde muitas<br />

gentilezas, bem como valiosas coleções feitas durante a nossa excursão pelo alto Amazonas.

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