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<strong>Viagem</strong> <strong>ao</strong> <strong>Brasil</strong> 315<br />

eixo por algumas fibras; então, debaixo do seu suporte, ficam caídas como<br />

fitas cor de palha, muito lindas de se verem quando são novas, pois o tom<br />

delas é muito delicado. Com as folhas assim preparadas, cobrem-se os tetos<br />

e fazem-se as paredes das casas. A parte central, forte e tendo muitas vezes<br />

quatro a cinco metros de comprimento, é colocada atravessada e serve de<br />

friso, enquanto que os folíolos pendentes são uns presos <strong>ao</strong>s outros. Essa<br />

qualidade de palha dura anos e protege perfeitamente do sol e da chuva.<br />

Empregam-se também outras espécies de palmeira para o mesmo fim.<br />

Ao entrar na aldeia, encontramos o padre que nos convidou a<br />

ir descansar em casa dele, e, no caminho, pedimos-lhe que nos mostrasse a<br />

igreja. Pode-se quase sempre avaliar da boa ou má condição das povoações<br />

amazônicas pelo estado em que se encontra a sua igreja. Na que estávamos<br />

visitando, tudo denotava desmantelo: as paredes de barro apresentavam mais<br />

janelas do que as que fizeram os pedreiros, mas o interior estava asseado e o<br />

altar era mais bonito do que seria de esperar numa aldeia tão pobre como<br />

Pedreira parece ser. Talvez estivesse mais bem tratada neste dia do que de<br />

costume, devido à solenidade das festas. Estamos ainda na semana de Natal,<br />

e o Menino Jesus repousa sobre uma camada de folhas num pequeno berço<br />

florido preparado de propósito para essa ocasião. O cura desta pequena<br />

aldeia, padre Samuel, é italiano e passou vários anos de sua vida entre os<br />

índios da América do Sul, na Bolívia e no <strong>Brasil</strong>.<br />

Miséria e doenças em Pedreira. O padre Samuel não nos fez,<br />

como o seu colega de Tauapeaçu, um elogio pomposo da salubridade de sua<br />

paróquia. Pelo contrário, disse-nos que as febres intermitentes, de que ele<br />

próprio já sofreu muito, é endêmica, e que a população é miserável e insuficientemente<br />

alimentada. Quando as chegadas das embarcações vindas de<br />

Manaus se atrasam um pouco, não se encontra mais no lugar nem café,<br />

nem chá, nem pão. Como aqui não existe praia, é preciso ir pescar a uma<br />

certa distancia, do outro lado do rio; e desde que as águas sobem muito,<br />

torna-se impossível apanhar peixe. Então os índios ficam reduzidos a viver<br />

exclusivamente de farinha-d’água. Esse regímen mais do que frugal satisfaz,<br />

para quem está habituado, as exigências do estômago; mas o pequeno número<br />

de brancos que vivem nessas perdidas paragens sofrem cruelmente.<br />

Que mais eloqüente comentário da incúria e da indolência da população<br />

que semelhante falta de alimentos numa região onde uma variedade imensa

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